CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672389
Oral Presentation – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Lesão isquêmica no território da artéria talamoperfurante posterior por traumatismo cranioencefálico leve

Marlon César Melo de Souza Filho
1   HC-FM-USP
,
Almir Ferreira de Andrade
1   HC-FM-USP
,
Saul Almeida da Silva
1   HC-FM-USP
,
Ricardo Ferrareto Iglésio
1   HC-FM-USP
,
Matheus Louzada Yamaki
1   HC-FM-USP
,
Eberval Gadelha de Figueiredo
1   HC-FM-USP
,
Wellingson Silva Paiva
1   HC-FM-USP
,
Manoel Jacobsen Teixeira
1   HC-FM-USP
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 
 

    Os estudos atuais evidenciam que o traumatismo cranioencefálico (TCE) leve também pode associar-se a lesões secundárias e desfecho neurológico desfavorável. As artérias talamoperfurantes posteriores originam-se do primeiro segmento da artéria cerebral posterior. Elas irrigam os pedúnculos cerebrais, os nervos oculomotores, os corpos mamilares, a porção ventral medial do mesencéfalo e porção medial do tálamo. Nós descrevemos o relato de um TCE leve associado à lesão isquêmica no território das artérias talamoperfurantes à direita. Paciente masculino, 25 anos, deu entrada em outro serviço por quadro de queda palpebral do olho direito após agressão física, recebendo alta domiciliar após avaliação inicial. No 3° dia após o traumatismo, deu entrada neste hospital devido à persistência dos sintomas. Ao exame neurológico, apresentava-se desorientado temporoespacialmente, com hemiparesia em força de grau IV à esquerda, bem como paralisia dos nervos oculomotor e abducente à direita e abducente à esquerda. Apresentava ainda movimentos involuntários anormais em membro superior direito, caracterizado como tremor de Holmes. A tomografia de crânio inicial sem contraste evidenciou hemorragia subaracnóidea na cisterna quadrigeminal. Devido à suspeita de fístula carótido-cavernosa (FCC) foi realizada uma arteriografia de vasos intracranianos, a qual não evidenciou a presença de FCC, porém observou-se a ausência de fluxo nas artérias talamoperfurantes do lado direito (tipo III de Lang-Brunner). Ressonância magnética realizada no quinto dia após o traumatismo revelou a presença de isquemia no pedúnculo cerebelar, porção rostral do mesencéfalo e tálamo posterior à direita. O paciente evoluiu sem novas intercorrências e recebeu alta hospitalar no sétimo dia de internação, mantendo seguimento ambulatorial regular neste serviço. Latronico et al. estudaram 89 pacientes com TCE moderado e grave e observaram presença de isquemia cerebral em 28 casos (19,1%), sendo 23 territoriais e cinco em regiões de fronteira hemodinâmica. Neste estudo, eles concluíram que os pacientes com isquemia apresentaram maior mortalidade em relação aos pacientes que não possuíam isquemia. Conforme já evidenciado em alguns trabalhos, o TCE leve também pode estar associado a prognóstico desfavorável. Observamos que pacientes com déficits neurológicos associados a TCE leve geralmente apresentam lesões vasculares associadas. Dessa maneira, a hipótese de isquemia cerebral deve ser sempre lembrada nestes casos.


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    No conflict of interest has been declared by the author(s).