CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672702
E-Poster – Infection
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Um caso raro de abscesso intramedular de seio dérmico

Renato de Carvalho Viana
1   Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP
,
Lucas Pires Augusto
1   Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP
,
Guilherme Augusto de Souza Alcântara
1   Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP
,
Romilto Costa Pacheco
1   Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP
,
Ricardo Santos Oliveira
1   Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP
,
Thiago Lyrio Teixeira
1   Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 
 

    Resumo: Criança de 1 ano e 7 meses com “pit” sacral apresentando infecção urinária de repetição. Ao nascimento, foi notada, na região sacral, mancha avermelhada com furo ao meio. Mãe nunca percebeu saída de secreção pelo local, nem odor fétido, mas referiu quadros de infecções urinárias e retenção fecal. Exame neurológico normal, apenas presença de orifício sacral sem saída de secreção ativa, com secreção espessa ao redor. Ressonância evidenciou seio dérmico associado a lesões abscedidas na região medular, estendendo-se de cone medular até cauda equina. Foi realizado procedimento cirúrgico composto por laminotomia lombar, exérese de trajeto fistuloso e drenagem do maior número de lojas abscedidas intradurais, preservando as raízes anatomicamente. Paciente apresentou-se sem déficits no pós-operatório, realizou tratamento com antibioticoterapia guiada para E. coli, germe isolado nas culturas. Houve melhora da micção, sem mais recorrência de infecção do trato urinário.

    Discussão: Abscesso intramedular é uma entidade rara, potencialmente grave, que pode acarretar em déficits neurológicos severos. Na literatura, existem relatos de casos isolados de complicações desta patologia, não havendo um grande estudo que compare esses fatos. Seio dérmico infectado geralmente acaba sendo descoberto após quadros de meningite de repetição e no caso apresentado, o paciente não se comportou tipicamente dessa forma, alterando a suspeição diagnóstica, com consequente atraso de tratamento adequado. O seio dérmico é uma anormalidade congênita, que pode se desenvolver em qualquer região do neuroeixo e está agrupado nas patologias chamadas de disrafismo espinhal oculto. Sua etiologia provém de um defeito de disjunção, onde persiste uma conexão entre a ectoderme cutânea e neural. Tem incidência aproximada em 1/2.500 nascidos vivos. O trajeto fistuloso em conexão com o tecido cutâneo é que favorece o aparecimento de meningites e abscessos medulares, que podem tornar-se catastróficos a depender da fase do diagnóstico. Configura-se como uma patologia de suma importância tanto na área pediátrica, quanto na neurocirurgia, em que a indicação cirúrgica deve ser rápida para melhorar os resultados com o tratamento. Dessa maneira, ressaltamos a necessidade de investigação incessante a fim de se excluir ou confirmar o diagnóstico, quando nos depararmos com uma criança com o chamado “pit” sacral ao nascimento.


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