CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672725
E-Poster – Peripheral Nerve
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Cirurgia para paralisia do plexo braquial polio-like

Thales Bhering Nepomuceno
1   Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP)
,
Carlos Otto Heise
1   Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP)
,
Mário Gilberto Siqueira
1   Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP)
,
Roberto Sérgio Martins
1   Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP)
,
Luciano Henrique Lopes Foroni
1   Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP)
,
Hugo Sterman-Neto
1   Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP)
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 
 

    Apresentação de caso: Percebida redução da movimentação em membro superior direito em criança de 6 meses, com ausência de pródromos virais, mas com vacinação para pólio oral há 2 semanas. Apresentou força grau 0 para abdução do braço, flexão do antebraço e rotação externa, grau IV para extensão do antebraço e mão grau V, compatível com lesão de tronco superior (C5–C6), com reflexos abolidos e sensibilidade normal. Após primeira avaliação, optado por acompanhamento clínico e exames complementares: vacinada para pólio (2 injetável e 1 oral); eletroneuromiografia: lesão pré-ganglionar C5–C6 e C7 à direita; ressonância magnética de coluna cervical sem alterações. No retorno com 8 meses, apresentou melhora da força da flexão do antebraço de grau 0 para grau II, mantendo os outros deficits. No retorno com 1 ano de idade, foi visto melhora para grau III da flexão do antebraço, sem melhora da abdução do braço e rotação externa grau 0. Após a consulta, foi reavaliada com nova eletroneuromiografia e optado por conduta cirúrgica, com transferência de nervo acessório para nervo supraescapular e do ramo do nervo radial para a cabeça lateral do tríceps para o nervo axilar, realizada aos 1 ano e 2 meses, sem intercorrências. Obteve melhora progressiva da força de abdução do braço, com força grau IV e abdução até 170°, flexão do antebraço grau IV até 160° e rotação externa grau III até +20° do plano sagital, aos 2 anos e 3 meses.

    Discussão: Apesar da erradicação do vírus da poliomielite no Brasil, outros agentes podem causar uma síndrome semelhante à paralisia flácida de membros superiores, incluindo enterovírus e vacinação. O quadro deve ser suspeitado em crianças com paralisia súbita de um membro superior sem história prévia de trauma, podendo ser precedido por sintomas prodrômicos virais (febre ou exantema) ou vacinação.

    Comentários finais: O uso das técnicas de cirurgia de nervos periféricos, aperfeiçoadas inicialmente para as lesões traumáticas de plexo braquial pode ser ampliado para outras lesões nervosas e da medula cervical, demonstrando a importância da continuidade das pesquisas e aperfeiçoamentos na área. A paralisia do plexo braquial polio-like causa grande perda funcional em jovens e a possibilidade de recuperação funcional através da cirurgia é de grande relevância, sendo importante a divulgação aos pediatras, neuropediatras e neurocirurgiões para que o tratamento conservador inicial não se estenda além do tempo, o que piora o prognóstico funcional.


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