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DOI: 10.1055/s-0038-1672728
Acidente vascular encefálico hemorrágico secundário a ofidismo por Bothrops sp.: relato de caso
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação de caso: Paciente do sexo feminino, 58 anos, procedente do município de Dona Inês (PB), é vítima de acidente ofídico por picada de serpente do gênero Bothrops sp. Foi admitida ao hospital às 10 h da manhã, apresentando dor, edema e sangramento no local da inoculação. Assim, foi iniciado o soro antibotrópico (SAB) com 9 ampolas. Evoluiu com rebaixamento do nível de consciência e hemiparesia à esquerda. Ao exame físico, mostrava-se afebril, pressão arterial (PA) de 150 × 100 mmHg, frequência cardíaca de 77 bpm e saturação periférica de O2 de 97%. Nos exames laboratoriais, houve alterações no hemograma, plaquetas de 55.000/mm3, e no coagulograma, estado incoagulável. A Tomografia Computadorizada evidenciou hematoma nucleocapsular direito e inundação do sistema ventricular direito. No dia posterior, demonstrou redução do hematoma, aumento da inundação e surgimento de componente hemorrágico na região subaracnóidea dos lobos frontais e parietais. Foi admitida na Unidade de Terapia Intensiva após 2 dias, devido a discrasia sanguínea e acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEh) em estado de reabsorção, permanecendo para monitoração hemodinâmica e suporte ventilatório. Após 9 dias, apresentou-se estável, consciente e contactante, hemiplégica à esquerda e disártrica, PA de 170 × 80 mmHg, hemodinamicamente estável e afebril, sem antibioticoterapia.
Discussão: O veneno das serpentes do gênero Bothrops tem atividade inflamatória aguda, coagulante e hemorrágica. A trombocitopenia ocorre de forma precoce, por intenso consumo de plaquetas. A coagulopatia, geralmente, surge de forma gradual, nas primeiras horas do acidente. A atividade hemorrágica se deve às hemorraginas no veneno, que lesam o endotélio vascular. A idade avançada compromete a regeneração celular, deixando suscetível ao dano capilar. As manifestações hemorrágicas podem ser locais e/ou sistêmicas. Portanto, dependendo da quantidade inoculada de veneno, acidentes por Bothrops têm potencial de causar AVEh. A conduta é a administração intravenosa precoce do soro antibotrópico. O número de ampolas varia de acordo com a classificação, podendo ser leve (2–4 ampolas), moderado (5–8 ampolas), ou grave (12 ampolas).
Comentários finais: O Brasil tem cerca de 600 óbitos anualmente por acidentes ofídicos, entretanto as notificações têm sido precárias. Deste modo, é importante o conhecimento prévio de possíveis complicações neurológicas e vasculares em acidentes botrópico, maximizando tratamentos efetivos.
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