CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672979
E-Poster – Pediatrics
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Abscesso cerebral associado à amaurose em criança

Karine Bossan Gonçalves Xavier
1   Instituto Fernandes Figueira
,
Antônio Rosa Bellas
1   Instituto Fernandes Figueira
,
Tatiana Protzenko
1   Instituto Fernandes Figueira
,
Maristella Pereira Reis
1   Instituto Fernandes Figueira
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 
 

    Apresentação do Caso: A.R.D., dois anos, iniciou quadro de febre de foco indeterminado e cefaleia intensa acompanhadas de secreção de VAS, tendo sido aventadas hipóteses de Sinusite, Otite e Pneumonia, sem confirmação diagnóstica. Foram administrados vários esquemas antibióticos, porém, sempre com recrudescimento dos sintomas. No decorrer de 1 mês o quadro evoluiu de forma abrupta para ptose palpebral à esquerda associada à amaurose, irritabilidade e dificuldade na marcha. Realizada tomografia de crânio que evidenciou múltiplas imagens ovaladas com Realce periferico, sinais de hipertensão intracraniana com efeito de massa e desvio de linha média, em parênquima parieto-occipital esquerdo. Fora indicada abordagem cirúrgica das lesões, sugestivas de abscesso cerebral, para tratamento e diagnóstico definitivo, associada a antibioticoterapia de amplo espectro por 8 semanas. A criança evoluiu com melhora progressiva do estado geral, da ptose palpebral e amaurose unilaterais.

    Discussão: Já é bem estabelecido na literatura a indicação da abordagem cirúrgica aos abscessos cerebrais que cursam com falha a vários tratamentos antibióticos associadas a sintomas de hipertensão intracraniana, como no caso descrito. A patogênese se inicia com síndrome infecciosa, passa pelo colapso circulatório e resulta em síndrome de hipertensão intracraniana, podendo levar à papiledema. O papiledema frequentemente resulta em déficit visual em variados graus. Entretanto, a amaurose é sintoma raro. Nesses casos, a literatura aponta para associação de compressão do quiasma ou nervo óptico consequente ao efeito de massa provocado pelo abscesso ou déficit do aporte vascular decorrente do processo inflamatório/infeccioso associados ao papiledema como fatores de maior relevância na patogênese da amaurose. Tendo ainda maior relevância na amaurose unilateral, como ocorre no caso apresentado.

    Comentários Finais: No caso descrito houve evolução do papiledema para amaurose unilateral, pelo acometimento inflamatório do nervo óptico acrescida ao efeito de massa pela localização principalmente ipsilateral dos abscessos e associação com ptose palpebral como síndrome neurológica focal. Pode-se considerar esse um caso incomum, já que os casos de abscessos intracranianos, apesar de, poderem evoluir com déficit neurológico focal e visual de forma frequente, geralmente não resultam em amaurose em crianças.


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