Angioma cavernoso induzido por radioterapia

Introdução: Paciente M.M.L, 33 anos, feminino. Operada por astrocitoma de baixo grau em região de ínsula esquerda, em 2008. Apresentou piora no prognóstico, evoluindo com crises convulsivas. Aos exames de imagem apresentou recidiva local em 2011. Reinternada em 2012 para retirada de tumor e lobectomia temporal anterior (LTA), foi submetida a radioterapia e seguimento de imagem com controle local. Cinco anos após a última cirurgia, houve o surgimento de um angioma cavernoso em região insular esquerda, optou-se, então, por seguimento de imagem. Em 2018, iniciou com quadro súbito de disfasia e confusão mental e, aos exames de imagem apresentou hemorragia intracerebral em região temporoinsular esquerda, compatível com sangramento de angioma cavernoso, a paciente foi submetida à ressecção microcirúrgica de angioma cavernoso guiada por neuronavegação.

Discussão: Sabe-se que a radioterapia pode induzir várias alterações de longa data, manifestando-se a partir de lesões vasculares proliferativas, como telangectasias capilares e angioma cavernoso, o qual se diferencia das telangectsias por ausência de tecido nervoso normal entre as lesões. Acredita-se que a radiação aplicada nos capilares induz a maior expressão de Fator de Crescimento do Endotélio Vascular (VEGF) e outros fatores vasculogênicos, os quais levam ao desenvolvimento de telangectasias capilares que podem evoluir para cavernomas. Outra hipótese é a de que, danos diretos no DNA provocados por radiação, como mutações no gene CCM1, CCM2 e CCM3 podem levar ao desenvolvimento de tal condição.

Conclusão: Conclui-se, então, que angiomas cavernosos induzidos por radioterapia são muito raros e, embora a correlação entre os dois seja bem estruturada, ainda não se sabe exatamente o mecanismo engatilhado pela radiação que leva à gênese do cavernoma.

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