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DOI: 10.1055/s-0041-1742030
Trauma Perineal Provocada por JET-SKI
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Área: URGÊNCIAS COLOPROCTOLÓGICAS
Forma de Apresentação: e-Pôster
Introdução: O uso de embarcações de propulsão a jato tem aumentado progressivamente e os seus usuários, em sua maioria, desconhecem os perigos associados à queda de um jet-ski, principalmente lesões perineais. O objetivo do trabalho é relatar o caso de um paciente, vítima de queda por ejeção de jet-ski, com lesão perineal extensa, reconstrução de trânsito e desfecho positivo. As informações foram coletadas por meio da revisão do prontuário, laudos médicos, entrevista com o paciente, registros fotográficos e revisão da literatura.
Relato de Caso: Paciente masculino, 26 anos, deu entrada por queda de jet-ski, com extensa lesão perineal da base do pênis até a região sacra, exposição dos testículos e lesão de esfíncter anal externo e interno. Ao exame, paciente hemodinamicamente estável. Não foi identificada contração esfincteriana durante toque retal e o pênis não apresentava lesões ou uretrorragia. Foi submetido a uma laparotomia exploratória devido a desconforto abdominal, na qual foi observada lesão de sigmoide. Foi realizado retossigmoidectomia e obteve-se desfecho positivo com reconstrução de trânsito em segundo tempo e bom prognóstico para recuperação da função fisiológica anal, comprovadas por manometria anorretal.
Discussão: Os traumas produzidos por jato de água possuem alta pressão e capacidade de destruição de órgãos ocos. A lesão de reto é a mais frequente das injúrias intraperitoneais e os acometimentos extraperitoneais são possíveis, porém incomuns. O caso evidenciou extensa lesão perineal e dos órgãos ocos até a serosa de sigmoide, associada a ausência de contração esfincteriana. Após a retossigmoidectomia e síntese da lesão, apresentou hipotonia da musculatura esfinctérica anal, com boa resposta da porção externa, que pôde ser trabalhada com biofeedback e fisioterapia pélvica. O atendimento inicial segue o padrão do ATLS até a estabilização e a avaliação do cirurgião compreende a viabilidade dos esfíncteres, cujo método de escolha inicial inclui o toque retal, com alta acurácia (80-90%), além de outros métodos, como a proctoscopia, endoscopia e TC. Na imagem tomográfica, pode-se encontrar presença de líquido livre na cavidade peritoneal, pneumo ou retroperitônio. O reparo primário é sugerido em casos de perfurações sem contaminação grosseira e nos demais, a derivação intestinal. Antibioticoterapia intravenosa deve ser administrada, uma vez que a água penetrada pode incluir muitos patógenos, especialmente, bacterianos. O caso relatado e a literatura evidenciam como as lesões perineais associadas ao fenômeno hidrostático do propulsor das embarcações pessoais, apesar de raras, são graves e podem estar associadas a possíveis perfurações e infecções intra-abdominais. O manejo das lesões retais traumáticas deve envolver exame perineal detalhado com proctoscopia e, se necessário, laparotomia exploradora. Assim, se faz necessário o conhecimento das potenciais lesões pélvicas por parte dos usuários e acompanhantes dessas embarcações, além do uso dos equipamentos de proteção.
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Publication History
Article published online:
04 January 2022
© 2022. Sociedade Brasileira de Coloproctologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
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