Subscribe to RSS
![](/products/assets/desktop/img/oa-logo.png)
DOI: 10.1055/s-0043-1764514
CIRURGIA ALARGADA EM ADENOCARCINOMA DE RETO BAIXO: INDICAÇÃO PONDERADA
Apresentação do caso Mulher de 62 anos, tabagista, previamente hígida e ativa, que apresentava havia 6 meses hematoquezia, alteração do hábito intestinal para constipação, tenesmo, perda ponderal de 19% do peso habitual, e dor sacral incapacitante. Ao exame físico, estava descorada, com IMC de 19,6 Kg/m2, Karnofsky 50%, e ECOG 3, além de lesão úlcero-vegetante circunferencial a 4 cm da borda anal. A colonoscopia mostrou lesão estenosante, cuja biópsia revelou adenocarcinoma. O estadiamento mostrou lesão sólida expansiva a 6 cm da borda anal, invadindo a reflexão peritoneal, com a fáscia mesorretal e o plexo neural sacral comprometidos por depósitos tumorais, além de linfonodomegalia mesorretal, sem metástases à distância (cT4bN+M0). Indicou-se terapia neoadjuvante de curso curto (25 Gy) e quimioterapia (QT) de consolidação com fluorouracil e oxaliplatina durante 6 semanas. Realizou-se amputação abdominoperineal com sacrectomia distal (S3). A peça cirúrgica tinha margens livres, tecido ósseo sem neoplasia, e 7 de 15 linfonodos comprometidos (ƴT3N2b). Observou-se boa recuperação, com alta no sétimo pós-operatório (PO). A paciente evoluiu com ganho ponderal, melhora da dor, e atingiu Karnofsky 90% e ECOG 2, e não apresentava alteração do equilíbrio nem da marcha, mas necessitava de cateterismo intermitente por bexiga neurogênica, e tinha parestesia em membros inferiores. Subjetivamente, houve importante melhora da qualidade de vida, principalmente devido ao controle álgico. Realizou-se esquema FLOX adjuvante. Após seis meses de PO, a apciente evoluiu com metástase cerebral, tratada com ressecção e radioterapia. No oitavo mês PO, apresentou quadros suboclusivos de repetição, diagnosticou-se recidiva pélvica que subocluía íleo terminal, e foi realizada ileostomia em alça à montante da invasão. A paciente evoluiu com piora progressiva, sem status para a realização de QT.
Discussão A exenteração pélvica com sacrectomia em bloco é a única possibilidade de cura em lesões que invadem/aderem ao sacro. A sobrevida média sem o tratamento cirúrgico é de 7 meses, e pacientes com ressecção R0 apresentam mediana de 33 meses. No entanto, conduta local agressiva não impede a evolução para doença disseminada. O maior benefício da sacrectomia é a melhora da dor oncológica, que propicia ganho na qualidade de vida.
Comentários finais A cirurgia alargada para tumor de reto localmente avançado deve ser bem ponderada, pois o paciente enfrenta alta morbimortalidade e ela não é garantia de desfecho oncológico favorável. No entanto, pode haver ganho temporário de qualidade de vida.
#
No conflict of interest has been declared by the author(s).
Publication History
Article published online:
16 March 2023
© 2023. Sociedade Brasileira de Coloproctologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
Thieme Revinter Publicações Ltda.
Rua do Matoso 170, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20270-135, Brazil