CONSTIPAÇÃO INTESTINAL EM PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON

Introdução A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum na população mundial, e acomete cerca de cinco milhões de pessoas em todo o mundo. A incidência varia de 5 a 20 casos por 100 mil habitantes ao ano. Estima-se que no Brasil existam cerca de 200 mil indivíduos afetados. A constipação intestinal é um sintoma não motor bastante comum nos portadores de DP, com incidência de até 60% e significativo impacto na qualidade de vida. Apresenta causa multifatorial, e pode preceder a doença e ter surgimento de início precoce ou até mesmo tardio. Como a população acometida é predominantemente idosa, a multicausalidade da constipação intestinal nos portadores de DP também pode ser decorrente da fraqueza muscular e da disautonomia habitualmente observada na DP, que leva a um estilo de vida sedentário, incapacitante e disfuncionalizante, associadas à baixa ingesta hídrica e de fibras, e ao uso de medicações.

Materiais e Métodos Estudo transversal e amostral de 96 pacientes portadores de DP, em estágios 2 a 4, do ambulatório de distúrbios do movimento do grupo de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), com avaliação por meio de anamnese e aplicação de critérios clínicos e escalas.

Resultados Mediante anamnese, critérios de ROMA III e Agachan e consistência das fezes, foram identificados 60% de pacientes constipados, com 12,5% precedendo a doença de base, e tempo médio de doença de 14,5 anos. Complementando com avaliação funcional, por meio da manometria anorretal, realizada em 6 pacientes constipados, identificou-se presença de dissinergia pélvica em 100% destes, com contração paradoxal do músculo puborretal e não expulsão do balão ao fim do exame.

Conclusão A constipação é um sintoma não motor que afeta o portador de DP, com impacto negativo na qualidade de vida, e pode alterar a absorção da terapêutica medicamentosa. Assim, saber identificar o sintoma e tratar de forma adequada e multidisciplinar contribuirão para a melhora do tratamento.

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Article published online:
16 March 2023