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DOI: 10.1055/s-0043-1764741
RETALHO MIOCUTÂNEO VERTICAL DE RETO ABDOMINAL: A ESCOLHA
Trazemos o relato de caso de uma paciente de 69 anos, do sexo feminino, que acompanhava com a ginecologia um carcinoma escamoso de vulva, moderadamente diferenciado, desde 2014. Naquele ano, foi submetida a vulvectomia e radioterapia, e apresentou recidiva em 2016, quando foi realizada nova vulvectomia parcial e linfadenectomia inguinal direita. A paciente retornou em 2022 com nova lesão vulvar que se estendia pelo períneo, acometia a da região anal até a interglútea, e poupava o meato uretral. A ressonância magnética indicava grande lesão expansiva de partes moles de 5,8x8,3x3,6 cm, que se estendia da margem anal até o clitóris, sem acometimento de esfíncter. Optamos por uma abordagem conjunta da proctologia e da ginecologia e da cirurgia plástica, na qual foi realizada vulvectomia total com ampla ressecção, associada à amputação abdominoperineal e reconstrução perineal com retalho miocutâneo vertical de reto abdominal (VRAM), devido às proporções do defeito criado e do biotipo da paciente. O carcinoma de células escamosas é o tipo histológico mais frequente em vulva e vagina, e tem o HPV e o tabagismo como fatores de risco. O tratamento pode envolver radioquimioterapia e/ou cirurgia, que pode resultar em grandes defeitos de partes moles. A reconstrução destes defeitos pode ser feita com rotação de retalhos que otimizam a cicatrização da ferida cirúrgica, o que reduz a morbimortalidade e a chance de potenciais complicações como infecção, hemorragia, aderências e hérnias pélvicas com posterior obstrução intestinal. Os retalhos geralmente utilizados são o do músculo gracilis (que não tem um bom pedículo vascular, além de ter arco de mobilização limitado); miocutâneo com suprimento pela artéria glútea, VRAM (que possiblita a cobertura de grandes defeitos, além da obliteração do assoalho pélvico, e está associado a menores taxas de complicação), entre outros. O retalho VRAM contribui, portanto, com o fechamento do oco pélvico de forma a evitar possíveis complicações. Além disso, favorece a cicatrização de grandes defeitos cirúrgicos, pois tem pedículo vascular satisfatório e grande arco de mobilização sem, contudo, afetar muito o fechamento primário da área doadora. No entanto, ele depende de fatores individuais para ser realizado, como o biotipo do paciente e a presença de pedículo vascular íntegro. No caso aqui relatado, a escolha do VRAM foi baseada nos critérios descritos visando a melhor qualidade de vida para a paciente.
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No conflict of interest has been declared by the author(s).
Publication History
Article published online:
16 March 2023
© 2023. Sociedade Brasileira de Coloproctologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
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