ADENOCARCINOMA DE CÓLON COMO MANIFESTAÇÃO PRECOCE DE DOENÇA DE CROHN

Apresentação do Caso J.R.O., de 50 anos, foi encaminhado a ambulatório de doença inflamatória intestinal com relato de que havia 1 ano iniciara quadro de dor abdominal intensa e diarreia, com cerca de 15 episódios diários associado a perda de 20 kg, com piora do quadro progressivamente. Ele compareceu com colonoscopia realizada previamente, que era sugestiva de doença inflamatória intestinal em todo o cólon analisado, foi confirmada com biópsia e, além disso, lesão estenosante no colón. Procedeu-se à internação hospitalar a fim de avaliar e estabilizar a doença inflamatória intestinal grave ainda recém-diagnosticada. O paciente foi submetido a tomografias de abdome e tórax, que evidenciaram espessamento parietal do cólon ascendente, principalmente na sua transição com o cólon transverso, com discutível estreitamento luminal. Os linfonodos pericecais estavam aumentados em número, sem outras lesões sugestivas de acometimento neoplásico. Durante a internação, o paciente não aceitou bem a dieta por via oral, e iniciou-se nutrição parenteral e enteral. No décimo quinto dia de internação, o paciente evolui com piora aguda da dor abdominal, com radiografia que evidenciava pneumoperitôneo, e, após isso, foi realizada laparotomia exploradora e procedeu-se a colectomia direita estendida. O paciente evolui no pós-operatório, aceitou bem a dieta oral, e procedeu-se ao desmame da dieta parenteral e enteral. No décimos egundo dia de pós-operatório, ele recebeu alta hospitalar. O anatomopatógico da peça cirúrgica caracterizava adenocarcinoma invasivo de baixo grau histológico vegetante e ulcerado, com áreas de diferenciação mucinosa, e 1/36 de metástases linfonodais (pT4N1M0). O paciente foi encaminhado à oncologia para tratamento adjuvante, com boa aceitação da quimioterapia.

Discussão Quanto ao desenvolvimento de câncer em pacientes com doença de Crohn, de forma geral acredita-se que o início precoce da doença e o longo tempo de evolução são fatores significativos para a transformação maligna, provavelmente por inflamação crônica, que ultrapassa o risco da população em geral após 8 a10 anos de doença. De forma geral, os sintomas do câncer nesses pacientes são indistinguíveis da atividade da doença, o que reflete em pior estadiamento inicial.

Comentários Finais O diagnóstico de neoplasia maligna em pacientes com doença de Crohn, apesar de ser mais comum em pacientes com longa história de doença, deve ser aventado em casos de lesões maiores, para melhorar o prognóstico nessas apresentações com alta agressividade.

No conflict of interest has been declared by the author(s).

Publication History

Article published online:
16 March 2023