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DOI: 10.1055/s-0043-1764829
ÚLCERA EM SIGMOIDE CAUSADA POR CITOMEGALOVÍRUS
Apresentação do Caso D.A.S., do sexo masculino, de 61 anos, procurou atendimento devido a queixa de dispneia e alteração do hábito intestinal para constipação havia 3 meses. Ele referia artrite reumatoide, e estava em uso de imunossupressor. Um exame de imagem identificou derrame pleural bilateral, de moderado volume à esquerda e pequeno à direita, linfonodo intercisural de 0,5 cm à direita, e nódulo pulmonar de contornos espiculados. A tomografia de abdome mostrou espessamento parietal do sigmoide de 5,0 cm de extensão. Devido ao quadro dispneico, o paciente foi submetido a toracocentese, que evidenciou características de exsudato, com citologia oncótica negativa. Para a investigação da lesão do cólon, o paciente foi submetido a colonoscopia, que identificou, no sigmoide distal, uma lesão ulceroinfiltrativa, endurecida, avermelhada e friável, que ocupava dois terços da circunferência e com 5 cm de extensão, que foi biopsiada. O anatomopatológico mostrou infiltrado inflamatório misto, tecido de granulação com esboço de granulomas e atipias celulares. A imuno-histoquímica revelou positividade para infecção por citomegalovírus (CMV). Com o diagnóstico de colite por CMV, o paciente foi encaminhado à infectologia, e iniciou-se o tratamento endovenoso com ganciclovir por 15 dias. Ele foi submetido a colonoscopia 1 mês após o tratamento, a qual revelou redução significativa da lesão, que se mostrava naquele momento como uma úlcera de 1,5x2,0 cm, que foi novamente biopsiada, e não demonstrou sinais de malignidade.
Discussão O CMV é um herpesvírus humano que pode infectar qualquer indivíduo; porém, em imunocompetentes, tem geralmente curso assintomático, e em imunodeprimidos, como portadores de HIV ou de doenças crônicas, pode cursar com manifestações sistêmicas graves, que afetam o trato gastrintestinal, o pulmão, a retina e o fígado. Colite é a segunda manifestação mais comum de infecção por CMV depois da retinite. Os sintomas podem incluir febre, anorexia, diarreia a hematoquezia. Os achados endoscópicos variam, mas os mais descritos são ulcerações múltiplas bem demarcadas, lesões ulceroinfiltrativas, com ou sem exsudato, e pseudomembranas. O achado de lesão ulcerada única é pouco frequente e facilmente confundido como lesão neoplásica.
Conclusão A infecção por CMV é raramente sintomática em pacientes imunocompetentes, mas o acometimento colônico por CMV em imunodeprimidos é frequente. Seu aspecto endoscópico inicial pode ser confundido com lesões neoplásicas; porém, após o diagnóstico histopatológico confirmatório, o tratamento com antiviral é eficaz.
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No conflict of interest has been declared by the author(s).
Publication History
Article published online:
16 March 2023
© 2023. Sociedade Brasileira de Coloproctologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
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