RETIRADA DE CORPO ESTRANHO POR VIA COLONOSCÓPICA: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso N.F.P., do sexo masculino, de 46 anos, com antecedente de picacismo e acufagia, relatou ter ingerido um cadeado de aproximadamente 2 cm havia 12 horas. Ele negava náuseas, vômitos, dor abdominal ou quaisquer outras queixas. Foi realizada radiografia de abdome, que evidenciou objeto em topografia de câmara gástrica, em porção pré-pilórica, sem sinais de pneumoperitôneo ou outras complicações. Optou-se por manter o paciente em jejum, solicitar endoscopia digestiva alta (EDA), observação clínica, e convocação dos familiares. Realizou-se EDA no dia seguinte à internação, que não evidenciou o corpo estranho deglutido. Assim, o paciente foi mantido em observação, com dieta laxativa e pró-cinéticos, realizando radiografias seriadas para acompanhar o trânsito do cadeado pelo trato gastrointestinal e identificar possíveis complicações secundárias à sua passagem. As radiografias de abdome mostraram o cadeado na topografia do ceco e do cólon ascendente, ora mais abaixo, ora mais acima, sem ultrapassar a flexura hepática. Após falha da tentativa de expulsão por via habitual, decidiu-se realizar preparo de cólon e retirada de corpo estranho que se encontrava no ceco por colonoscopia, sem intercorrências. O paciente evoluiu bem após o procedimento, e recebeu alta no nono dia de internação com orientações, sinais de alarme e encaminhamento à UBS.

Discussão Mais comum entre pacientes pediátricos do que adultos, a ingestão de corpo estranho ocorre em função de alguns fatores, em casos de histórico de psicopatologias. A extração de corpos estranhos ingeridos pode ser feita por endoscopia ou por técnica cirúrgica. No entanto, a remoção por via endoscópica garante taxas mais aceitáveis de morbimortalidade, além de ser uma opção segura, barata e acessível na maior parte do país. A presença de corpo estranho ingerido presente no, ou após, o ceco, como no caso aqui descrito, é rara, segundo a literatura, em função dos estreitamentos fisiológicos do trato gastrointestinal, que podem causar perfurações, além de obstrução. Embora a abordagem de retirada do corpo estranho via colonoscopia tenha sido eficaz e eficiente, além de efetiva, a abordagem holística do paciente se faz necessária, bem como o tratamento de sua psicopatologia de base.

Comentários Finais A história clínica e os achados nos exames de imagem foram fundamentais ao diagnóstico, e resultaram na abordagem colonoscópica para a retirada com sucesso do corpo estranho, bem como a assistência multidisciplinar para a boa condução do caso.

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Article published online:
16 March 2023