CC BY-NC-ND 4.0 · Journal of Coloproctology 2023; 43(S 01): S1-S270
DOI: 10.1055/s-0044-1781026
Modalidade de apresentação: Vídeo
Doença Inflamatória Intestinal

DOENÇA DE CROHN ILEOCECAL: TÉCNICA DE KONO-S MODIFICADA PASSO A PASSO

Carolina Reis Bonizzio
1   Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo – SP, Brasil.
,
Lucas Eiki Kawakami
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Carlos Walter Sobrado Jr
,
John Tapia Anibal Baca
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Mariane Gouvea Monteiro de Camargo
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Marcelo Rodrigues Borba
,
Afonso Henrique Silva e Sousa Junior
,
Carlos Frederico Sparapan Marques
› Author Affiliations
 
 

    Carolina.bonizzio@hc.fm.usp.br

    Caso Clínico Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, de 21 anos, com histórico de doença de Crohn (DC) desde 2014, com padrão de acometimento fistulizante íleocecal. Havia dois anos, ele evoluíra com sintomas suboclusivos, empachamento pós-prandial e dor. O paciente havia feito uso de infliximabe entre 2015 e 2019, e progrediu para adalimumabe de 2019 a 2023. Ele negava cirurgias prévias ou outras comorbidades, foi submetido a ileotiflectomia assistida por vídeo com a técnica de Kono-S para a confecção da anastomose após detecção de atividade estenosante e fistulizante na região ileocecal. Não houve intercorrências no procedimento, e o paciente recebeu alta no sétimo dia de pós-operatório.

    Discussão A estenose da anastomose no contexto da DC é um tema amplamente discutido, visto que a incidência de recorrência da DC varia entre 35% e 85% no primeiro ano após o procedimento. A técnica consiste na criação de uma coluna de apoio que protege a área da anastomose de torção e contato com o mesentério, prevenindo a estenose. A manutenção do mesentério com a ressecção próxima à alça de delgado preserva a inervação e o suprimento sanguíneo, fatores essenciais para um bom resultado funcional. A confecção manual possibilita melhor controle hemostático, e a literatura não indica maiores taxas de deiscência da anastomose, apesar do grande perímetro de sutura. Em relação ao seguimento, a confecção término-terminal ampla facilita a avaliação endoscópica, pois possibilita a dilatação e a aplicação de corticoide injetável, se necessário. No vídeo, demonstra-se: (1 a dissecção de aderências inflamatórias; 2) a liberação da goteira parietocólica direita; 3) a evisceração do segmento doente; 4) o grampeamento perpendicular das alças em relação ao mesentério; 5) a ligadura do mesentério do segmento acometido, justaposto e paralelo à alça; 6) as linhas de grampeamento unidas por sutura contínua inabsorvível; 7) enterotomias longitudinais de 7 cm de extensão, posicionadas a 1 cm da coluna; 8) pontos de reparo unindo os vértices da anastomose; 9) sutura contínua ancorada completando a anastomose em plano único, fio inabsorvível; e 10) retorno das vísceras à cavidade para fechamento.

    Comentários Finais A técnica de Kono-S é uma nova ferramenta para o tratamento cirúrgico da DC, pois evita a recidiva da doença na anastomose. Atualmente, Kono-S é considerada a técnica com melhores resultados em relação à profilaxia da recorrência de DC, e é reprodutível no atual cenário brasileiro, com baixo custo e baixas taxas de complicação.


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    Publication History

    Article published online:
    27 February 2024

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