Abstract
Purpose To identify the prevalence of maternal morbidity and its socioeconomic, demographic
and health care associated factors in a city in Northeastern Brazil.
Methods A cross-sectional and population-based study was conducted, with a design based on
multi-stage complex sampling. A validated questionnaire was applied to 848 women aged
between 15 and 49 years identified in 8,227 households from 60 census tracts of Natal,
the capital of the state of Rio Grande do Norte (RN), Brazil. The main outcome measure
was maternal morbidity. The Poisson regression analysis, with 5% significance, was
used for the analysis of the associated factors.
Results The prevalence of maternal morbidity was of 21.2%. A bivariate analysis showed the
following variables associated with an increased number of obstetric complications:
non-white race (prevalence ratio [PR] =1.23; 95% confidence interval [95%CI]: 1.04–1.46);
lower socioeconomic status (PR = 1.33; 95%CI: 1.12–1.58); prenatal care performed
in public services (PR = 1.42; 95%CI: 1.16–1.72): women that were not advised during
prenatal care about where they should deliver (PR = 1.24; 95%CI: 1.05–1.46); delivery
in public services (PR = 1.63; 95%CI: 1.30–2.03); need to search for more than one
hospital for delivery (PR = 1.22; 95%CI: 1.03–1.45); and no companion at all times
of delivery care (PR = 1.25, 95%CI: 1.05–1.48). The place where the delivery occurred
(public or private) and the socioeconomic status remained significant in the final
model.
Conclusion Women in a worse socioeconomic situation and whose delivery was performed in public
services had a higher prevalence of maternal morbidity. Such an association reinforces
the need to strengthen public policies to tackle health inequalities through actions
focusing on these determinants.
Resumo
Objetivo Identificar a prevalência da morbidade materna e os fatores socioeconômicos, demográficos
e de assistência à saúde associados a ela em uma capital do Nordeste brasileiro.
Métodos Estudo seccional, de base populacional, com desenho de amostras complexas. Aplicou-se
um questionário validado para morbidade materna em 848 mulheres com idade entre 15
e 49 anos selecionadas em 8.227 domicílios distribuídos em 60 setores censitários
de Natal, capital do Rio Grande do Norte, Brasil. O desfecho principal foi a morbidade
materna. A análise multivariada foi feita por meio da regressão de Poisson, com 5%
de significância.
Resultados A prevalência de morbidade materna foi de 21,2%. A análise bivariada encontrou associação
entre o maior número de complicações obstétricas com: mulheres da raça preta/parda
(razão de prevalência [RP] = 1,23; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 1,04–1,46);
pior condição socioeconômica (RP = 1,33; IC95%: 1,12–1,58); pré-natal na rede pública
(RP = 1,42; IC95%: 1,16 -1,72); mulheres que não foram informadas sobre o lugar da
realização do parto durante o pré-natal (RP = 1,24; IC95%: 1,05–1,46); mulheres que
realizaram o parto na rede pública (RP = 1,63; IC95%: 1,30–2,03); pacientes que percorreram
mais de um hospital para realizar o parto (RP = 1,22; IC95%: 1,03–1,45); e aquelas
que não tiveram acompanhante em todos os momentos da assistência ao parto – antes,
durante e depois do parto (RP = 1,25; IC95% = 1,05–1,48). No modelo final da regressão,
tanto o local do parto quanto a condição socioeconômica mantiveram a associação.
Conclusões A maior prevalência da morbidade materna esteve associada às piores condições socioeconômicas
e à realização do parto na rede pública. Isso reforça a necessidade de fortalecimento
de políticas públicas que reduzam as desigualdades em saúde.
Keywords
maternal mortality - morbidity - pregnancy complications - health surveys - health
care disparities
Palavras-chave
mortalidade materna - morbidade - complicações na gravidez - estudos em saúde - desigualdades
em saúde