CC-BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2011; 30(01): 7-10
DOI: 10.1055/s-0038-1625623
Artigos Originais
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Uso de morfina peridural em pacientes com disautonomia após traumatismo craniencefálico

Use of peridural morphine in patients with posttraumatic autonomic disturbances
Luis Roberto Mathias Junior
,
Wellingson Silva Paiva
,
Almir Ferreira de Andrade
,
Robson Luis Oliveira Amorim
,
Erich Talamoni Fonoff
,
Manoel Jacobsen Teixeira
Further Information

Publication History

Publication Date:
11 January 2018 (online)

Resumo

Introdução: A disautonomia ou hiperatividade simpática paroxística (HSP) pode ocorrer em até um terço dos pacientes vítimas de trauma de crânio grave, entretanto ainda é uma entidade sem tratamento estabelecido. O uso de morfina intravenosa é descrito para o tratamento da HSP, sendo observada melhora principalmente na diminuição das frequências respiratória e cardíaca. Partindo desses preceitos, este estudo analisa os efeitos da morfina peridural nos pacientes com HSP. Pacientes e métodos: Foram avaliados três pacientes (dois masculino e um feminino), com idade média de 20,6 anos, vítimas de trauma de crânio grave, que apresentaram durante a evolução quadro clínico sugestivo de disautonomia. Os dados coletados incluíram detalhes do trauma, parâmetros fisiológicos, medicações utilizadas e evolução dos sintomas. Nesses pacientes, foi realizada infusão de morfina 4-6 mg/d no espaço peridural, em nível torácico, com média de 25,6 dias. Resultados: Dois pacientes tinham sinais radiológicos de lesão axonal difusa e um paciente tinha um volumoso hematoma extradural que foi operado. Os principais sintomas encontrados nos três pacientes foram sudorese, taquicardia, hipertermia e posturas distônicas. Em dois pacientes a hipertonia era global e em um paciente a postura distônica predominava no hemicorpo esquerdo. Após a passagem do cateter epidural com infusão de morfina, foi observada, já na primeira semana, melhora dos sintomas da hiperatividade simpática e da hipertonia nos grupos musculares envolvidos. Conclusão: O uso de morfina peridural pode ser uma alternativa de tratamento nos pacientes com HSP refratários ao tratamento clínico.

Abstract

Introduction: The dysautonomia sympathetic hyperactivity or sympathetic storm syndrome (SSS) can occur in one third of patients with severe brain trauma, however, is still an entity without established treatment. The use of intravenous morphine is described for the treatment of SSS, and noted improvement mainly to lower frequencies of breathing and heartbeat. In this study we examine the effects of epidural morphine in patients with SSS. Patients and methods: We evaluated 3 patients (2 male, 1 female), with an average age of 20.6 years, victims of severe head trauma that presented SSS in hospital stay. The data collected included details of trauma, of physiology, medications used and symptoms. In these patients, infusion of morphine was realized 4 to 6 mg/d in the epidural space in the dorsal level with an average of 25.6 days. Results: Two patients had tomographic signs of diffuse axonal injury and one patient had a large acute epidural hematoma underwent to surgery. The main symptoms found in three patients, were dysautonomia, sweating, tachycardia, hyperthermia and postures distonics. In two patients, the stiffness was comprehensive and in one patient in the distonic posture in left side. After the procedure of the epidural catheter implant with infusion of morphine was found in the first week an improvement of symptoms of hyperactivity sympathetic. Conclusion: The use of epidural morphine can be an alternative treatment for sympathetic hyperactivity in patients with SSS.

1Médico-residente da Divisão de Neurocirurgia do HCFMUSP.


2Médico-assistente e coordenador científico da Unidade de Emergência da Divisão de Neurocirurgia do HCFMUSP.


3Professor livre-docente e coordenador da Unidade de Emergência da Divisão de Neurocirurgia do HCFMUSP.


4Médico supervisor da Unidade de Emergência da Divisão de Neurocirurgia do HCFMUSP.


5Coordenador do Grupo de Neurocirurgia Funcional.


6Professor titular de Neurocirurgia da FMUSP e diretor da Divisão de Neurocirurgia do HCFMUSP.