CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2014; 33(01): 63-72
DOI: 10.1055/s-0038-1626202
Artigos Originais
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Lesões traumáticas do nervo óptico

Optic nerve traumatic lesions
Luiz Fernando Cannoni
,
Luciano Haddad
,
José Carlos Esteves Veiga
Further Information

Publication History

Publication Date:
11 January 2018 (online)

Resumo

Objetivo: Documentar a incidência de lesões traumáticas da via óptica, assim como a etiologia traumática; correlacionar as lesões do nervo óptico com achados radiológicos (lesões cranianas e intracranianas); e estudar lesões múltiplas de nervos cranianos. Métodos: Dezoito pacientes admitidos no Serviço de Emergência da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo com lesão traumática da via óptica foram incluídos. Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com o escore da Escala de Coma de Glasgow (ECG) em: trauma leve (ECG de 13 a 15), moderado (ECG de 9 a 12) e grave (ECG de 3 a 8), distribuição quanto a gênero, presença de fraturas, lesões intracranianas, fístulas liquóricas e mecanismo de trauma. Resultados: Dos 18 casos, 17 lesões ocorreram em conjunto com outros nervos cranianos e em 1 caso houve lesão exclusiva do nervo óptico. Atropelamentos, acidentes automobilísticos, motociclísticos e ferimento por projétil de arma de fogo constituíram as causas mais frequentes de lesão do nervo óptico, de forma isolada, assim como nas lesões de múltiplos nervos. Hematomas extradurais e contusões cerebrais foram as lesões intracranianas mais frequentes e, quando presentes, as fraturas cranianas localizavam-se no teto orbitário ou na região frontal. Conclusão: Neuropatia traumática do óptico deve ser pesquisada à admissão do paciente (quando possível), pois é passível de tratamento clínico (corticoides) ou cirúrgico. Achados sugestivos de neuropatia óptica traumática incluem fraturas do assoalho ou teto orbitário e traumas de alta energia cinética.

Abstract

Objective: To register the incidence of the traumatic lesions to the optic nerve and its etiology; to correlate these lesions to the radiological findings (cranial and intracranial) and study multiple cranial nerve lesions. Methods: Eighteen patients admitted to the Emergency Service of Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Hospital have been studied and lesions to the optic nerves were described. The patients were divided into 3 groups according to the Glasgow Coma Scale (GCS) in: mild trauma (GCS: 13 to 15), moderate (GCS: 9 to 12) and severe (GCS: 3 to 8), gender, fractures, intracranial lesions, CSF fistulas and type of trauma. Results: Posttraumatic single nerve lesion was observed in 1 patient and in 17 patients multiple nerve lesions associated with the optic nerve lesion were documented. Running over, vehicle and motorcycle accidents and gunshot wounds were the main causes of these lesions (single nerve and multiple nerves). Extradural hematomas and cerebral contusions were the most frequent intracranial lesions. Whenever present, the cranial fractures involved the orbital roof or the frontal region. Conclusion: Traumatic optic neuropathy occurs must be searched on the patient admission (whenever it is possible), because medical or surgical treatment can be proposed. Finding signs of traumatic optic neuropathy include fractures of the roof or floor of the orbit and traumas with high kinetic energy.

1Médico-assistente da Disciplina de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.


2Professor adjunto e chefe da Disciplina de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.