CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672369
Oral Presentation – Peripheral Nerve
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Transferência dos nervos intercostais para o nervo musculocutâneo em pacientes vítimas de lesão traumática de plexo braquial: avaliação retrospectiva de série de oitenta pacientes

Márcio de Mendonça Cardoso
1   Rede Sarah de Hospitais de Reabilitacão
,
Ricardo A. de Gepp
1   Rede Sarah de Hospitais de Reabilitacão
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: Em pacientes com lesão completa do plexo braquial e avulsão total das raízes nervosas, uma das prioridades do tratamento consiste na recuperação da força de flexão do cotovelo. Este objetivo pode ser alcançado por meio das cirurgias de transferência nervosa. Uma das poucas opções de nervo doador nesse tipo de cirurgia é o nervo intercostal. Entretanto, existem poucos trabalhos publicados acerca do assunto, e a taxa de recuperação da força de flexão do cotovelo é bastante variável nesses estudos. Além disso, existem outras dúvidas, como quantos nervos intercostais devem ser utilizados e qual o intervalo de tempo ideal entre o trauma e a cirurgia para garantir um bom resultado funcional.

Objetivo: O objetivo principal foi avaliar a força de flexão do cotovelo obtida após a transferência dos nervos intercostais para o nervo musculocutâneo, além de identificar variáveis que possam influenciar no resultado final.

Método: Estudo retrospectivo em uma série de oitenta pacientes vítimas de lesão traumática completa de plexo braquial admitidos na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, em Brasília, no período entre 2010 a 2016. Foi utilizada a escala BMRC (British Medical Research Council) para graduação da força de flexão do cotovelo. Avaliamos se houve correlação entre o resultado cirúrgico e as seguintes variáveis: número de nervos intercostais, intervalo de tempo entre o trauma e a cirurgia e o nervo receptor (nervo musculocutâneo ou ramo motor para o bíceps). Testes estatísticos com nível de significância de 5% foram utilizados.

Resultado: Foram avaliados 76 pacientes no período pós-operatório, e observou-se que 24 pacientes (32%) apresentaram uma força maior ou igual a M3. Entretando, quando consideramos somente os pacientes operados com menos de 6 meses da lesão do plexo braquial, esse valor sobe para 40%. O intervalo de tempo entre o trauma e a cirurgia influenciou no resultado cirúrgico (p = 0,036). O número de nervos intercostais utilizados e o nervo receptor não apresentaram associação estatisticamente significativa com o grau de força de flexão do cotovelo.

Conclusão: A transferência dos nervos intercostais para o nervo musculocutâneo em pacientes vítimas de lesão traumática de plexo braquial pode levar a uma melhora da força de flexão do cotovelo, principalmente se a cirurgia for realizada nos primeiros 6 meses após a lesão.