CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672377
Oral Presentation – Oncology
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Tratamento dos tumores cerebrais: percepção do estado atual pela comunidade neurocirúrgica brasileira através de enquete nacional

Leonardo Augusto Wendling Henriques
1   Hospital Luxemburgo e Hospital Unimed-BH, Belo Horizonte
,
Marcelo Lemos Vieira da Cunha
2   Hospital Regional do Oeste, Chapecó
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: O Brasil é vasto e tem realidades distintas quanto ao trabalho do neurocirurgião no tratamento dos tumores intracranianos (TI). As dificuldades são amplamente discutidas sem haver, ainda, ações para melhor entendimento das características, demandas e dificuldades no tratamento dos TI. Mesmo as ações da SBN para melhoria da formação do neurocirurgião e as condições do tratamento neuro-oncológico têm sido direcionadas empiricamente.

Objetivo: Avaliar, por enquete nacional, condições, características e dificuldades do neurocirurgião no tratamento dos TI. Propõe-se adquirir informações para fomentar melhores práticas para tratamento dos TI.

Métodos: Encaminhou-se enquete por meio eletrônico formal da SBN, por 2 semanas, aos associados no Brasil. Compunha-se de dez perguntas sobre o tratamento dos TI: nove com múltiplas escolhas e uma com espaço para sugestões. As respostas foram consolidadas para interpretação.

Resultados: Foram recebidas 960 respostas com média de 96 por questão. Quatro perguntas com 125 respostas cada. 115 respondentes declararam seu estado (14), sendo 79 do Sudeste, 21 do Sul, 6 do Nordeste, 5 do Centro-oeste e 4 do Norte. Dos respondentes, 25,4% dedicam mais de 50% de sua prática aos TI. Do total, 92 e 96% dispõem, respectivamente, em suas instituições, de TC e RNM. Dos respondentes, 89,2% dispõem de oncologistas, e somente 29,2%, de neuropsicólogos. Mais de 50% dispõem de ultrassom per-operatório, neuronavegação e aspiração ultrassônica em mais 50% dos casos operados. Do total, 54,2% têm dificuldade com anatomopatológicos e 57,6% com autorização de procedimentos/materiais. Tumor boards são realizados pela minoria dos respondentes, 40,3%. A maioria, 73,8%, trabalha em centros formadores de neurocirurgiões, e menos de 50% em centros que formam neurologistas.

Conclusões: O tratamento de TI é importante parte do trabalho do neurocirurgião brasileiro. Não há grandes dificuldades na disponibilidade de especialistas auxiliares (oncologistas etc.), mas alguns fatores – estudos anatomopatológicos e moleculares, e autorização para uso de insumos e materiais cirúrgicos – são problemas para o neurocirurgião. Cerca de dois terços trabalham em centros com residência em neurocirurgia, mas a realização de tumor boards é restrita a menos de 50% dos locais. Considerando o pequeno número de respostas, devemos salientar a necessidade de estimular a participação do neurocirurgião na SBN, e em seus departamentos, para auxiliar na melhor percepção da realidade brasileira e para que ações mais eficazes sejam planejadas.