CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672390
Oral Presentation – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Hematoma subdural agudo e o potencial prognóstico do índice de Zumkeller

Natanael Martins Gomes
1   Universidade do Estado do Amazonas
,
Louise Makarem Oliveira
2   Universidade Federal do Amazonas
,
Franklin Reis
4   Equilibrium Medical
,
Wellingson Silva Paiva
4   Equilibrium Medical
,
Robson Luís de Oliveira Amorim
1   Universidade do Estado do Amazonas
,
Mylena Miki Lopes Ideta
1   Universidade do Estado do Amazonas
,
Felipe Régis Cavalcante Uchoa
1   Universidade do Estado do Amazonas
,
Manoel Jacobsen Teixeira
3   Universidade de São Paulo
,
Lúcio Mauro Braga Monteiro
1   Universidade do Estado do Amazonas
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Em 1996, Zumkeller et al. descreveram que quanto maior o desvio da linha mediana (DLM) em relação à espessura do hematoma (EH), em pacientes com hematoma subdural agudo (HSDA), pior o prognóstico. O índice de Zumkeller (IZ), descrito como DLM-EH, sendo positivo, sugere inchaço cerebral associado. Muitos neurocirurgiões brasileiros baseiam-se neste índice para indicar ou não a craniectomia descompressiva primária. Um estudo recente demonstrou letalidade de 100% em pacientes com IZ positivo. Entretanto, até onde sabemos, o potencial prognóstico deste índice jamais foi avaliado em uma população brasileira. Portanto, nós temos como objetivo avaliar se o IZ apresenta relevância prognóstica em uma coorte de pacientes brasileiros com hematoma subdural agudo. A partir de um banco de dados digitalizado com coleta prospectiva, foram selecionadas vítimas de traumatismo cranioencefálico no período de 2012 a 2015, que apresentavam como principal lesão intracraniana o hematoma subdural agudo. O índice de Zumkeller foi obtido e organizado como variável contínua e variável categorizada em “0” nos índices negativos até o valor de −1 mm; em 1, nos índices de 0 a 3 mm; e em 2, nos índices maiores que 3 mm. As variáveis DLM e EH, assim como as variáveis clínicas escala de coma de Glasgow e reatividade pupilar, também foram analisadas, levando-se em conta os desfechos: mortalidade em 14 dias e mortalidade hospitalar. Foram identificados 116 pacientes que tinham o hematoma subdural agudo como principal lesão intracraniana. Desses, 84,5% eram do sexo masculino, e a média de idade foi de 47,8 +− 19,3 anos. A mediana da ECGl foi de 6 (p25 = 3, p75 = 9). Do total, 73% dos pacientes foram vítimas de mecanismo de trauma de alta energia cinética, e 81% foram submetidos à cirurgia. As variáveis EH (p = 0,01), DLM (p = 0,001), IZ categorizado (p = 0,02) e o escore de Rotterdam mostraram-se associados à mortalidade (p = 0,008), ao contrário da escala de Marshall, que não mostrou significância (p = 0,66). Realizada a regressão logística das variáveis radiológicas, observou-se que as variáveis EH (p = 0,01), IZ categorizado (p = 0,04) e escala de Rotterdam (p = 0,01) mantiveram-se como preditoras independentes de mortalidade em 14 dias. Os pacientes com IZ até −1 mm tiveram mortalidade de 35,6%; com IZ de 0 a 3 mm, a mortalidade foi de 43,8%; e maior que 3 mm, a mortalidade foi de 80%. Este estudo demonstrou que a EH, o IZ e a escore de Rotterdam são preditores independentes de mortalidade em 14 dias nos pacientes com HSDA.