RSS-Feed abonnieren
DOI: 10.1055/s-0038-1672672
Cisto aracnoide em lobo temporal dominante para linguagem: déficit e recuperação pós-operatória de habilidade musical – um relato de caso
Publikationsverlauf
Publikationsdatum:
06. September 2018 (online)
Introdução: Cistos aracnoides são mais comuns em homens, em região da fossa média e do lado esquerdo. As lesões localizadas na fissura sylviana são classificadas de acordo com Galassi et al., 1982. Os cistos Galassi I via de regra são apenas acompanhados, os do tipo III geralmente são de cirúrgicos e os do tipo II a conduta é controversa. Entre as manifestações apresentadas, ressalta-se cefaleia, convulsões, aumento do perímetro cefálico em crianças e dificuldade para aprendizado.
Objetivo: Demonstrar a importância da avaliação pormenorizada de pacientes com alta performance em funções cognitivas ou habilidade técnica/artística refinada em determinada área. Detectar a presença ou não de real prejuízo neurológico e funcional, fator decisivo para indicar cirurgia em casos duvidosos, com alteração radiológica mínima ou limítrofe para tal.
Métodos: Relato de um paciente em acompanhamento pelo Grupo de Hemodinâmica Cerebral, divisão de Neurocirurgia funcional, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O paciente, músico profissional, percussionista, é portador de cisto aracnoide em fissura sylviana esquerda, Galassi II. Não apresentava déficit neurológico mensurável em exame neurológico rotineiro e avaliação breve de linguagem (fluência, repetição, nomeação, leitura e escrita). Foi reavaliado por musicoterapeuta no pós-operatório de instalação de derivação cistoperitoneal com válvula de baixa pressão.
Discussão: A presença de déficit neurológico claro, de instalação recente, com diagnóstico topográfico compatível com a lesão cística, facilita a indicação cirúrgica e aumenta a expectativa de benefício para o paciente. Alterações mais sutis, mas que prejudicam a atividade profissional, também devem ser valorizadas. Nosso paciente participava de um conjunto musical no qual era percussionista e precisou afastar-se devido à perda da capacidade de adequar com eloquência o acompanhamento dos ritmos e a coordenação motora das mãos, rapidamente atingindo fadiga, notado em avaliação pré-operatória com musicoterapeuta de nossa equipe. Após a instalação da derivação, foi observado importante melhora subjetiva. Pela musicoterapia, houve melhora da capacidade comunicativa (expressiva e receptiva), além de melhor controle de mãos e de habilidade rítmica. Sugerimos avaliação de risco-benefício aprofundada em pacientes com lesão cerebral compatível com perda de produtividade profissional.