Tumor misto de células germinativas de glândula pineal – um relato de caso

Apresentação de Caso: Paciente de 14 anos, histórico de puberdade precoce. Iniciou em jan/17 quadro de perda ponderal, sendo internado em maio/17 com quadro de náuseas, vômitos e sonolência. Propedêutica com Ressonância Magnética (RM) de Crânio que evidenciou tumor em topografia pineal e hidrocefalia. Realizada inserção de DVP de urgência e, na semana seguinte, foi submetido a cirurgia do tumor na região na pineal, via supracerebelar infratentorial, com exérese de lesão bem diferenciada, friável, heterogênea, de difícil plano de dissecção por aderência. Anatomopatológico compatível com teratoma maduro, sem características de malignidade ou de tecidos imaturos. Após dois meses, internado com náuseas e vômitos, elevação de beta-HCG sérico e RM de Crânio com lesão residual, sugerindo diagnóstico de teratoma misto. Submetido à segunda abordagem cirúgica via inter-hemisférica transtentorial occipital à esquerda, com ressecção radical de tumor com as mesmas características da cirurgia anterior. Anatomopatológico compatível com tumor de células germinativas, em parte com características de teratoma maduro, em parte apresentando áreas de coriocarcinoma e germinoma.

Discussão: Os tumores de células germinativas são classificados em germinomas, teratomas, carcinomas embrionários, tumores de saco vitelínico e coriocarcinomas. Teratomas intracranianos são raros, representando 0,5 a 1% de todas as neoplasias intracranianas. Há tendência de envolvimento de estruturas medianas, como a glândula pineal, mas também pode acometer o terceiro ventrículo, lâmina quadrigêmea, região suprasselar e vermis cerebelar. A terapia depende do tipo histológico: germinomas são tratados com quimioterapia; teratomas maduros são tratados com ressecção total da lesão; teratomas imaturos e com transformação maligna são tratados com ressecção total seguida de quimio e radioterapia; coriocarcinomas, carcinomas embrionários e tumores de saco vitelínico são tratados com quimio e radioterapia, seguida de ressecção cirúrgica de lesão residual. Em tumores mistos de células germinativas, o tratamento de escolha depende do componente com maior malignidade.

Comentários Finais: As vias cirúrgicas inter-hemisférica parieto-occiptal transtentorial e supracerebelar infratentorial são vias consagradas para acesso a região da pineal, porém há autores que adotam a via transcaloso posterior, fornecer bom acesso cirúrgico tanto anteroposterior quanto laterolateral.