Hemodinâmica cerebral em pacientes submetidos à craniectomia descompressiva: uma revisão sistemática de literatura

Introdução: A técnica de craniectomia descompressiva (CD) consiste na remoção de amplo retalho ósseo, associada à durotomia e duroplastia de expansão, sendo considerada medida de resgate em casos de hipertensão intracraniana aguda. Até o momento, poucos estudos avaliaram os efeitos da CD sobre a hemodinâmica intracraniana. Por conseguinte, é importante estudar os efeitos hemodinâmicos da CD por meio de exames de imagens. A ampliação do conhecimento sobre os métodos hemodinâmicos em diferentes situações clínicas permite-nos compreender a fisiopatologia das doenças e de nossas intervenções.

Objetivo: Descrever através dos estudos exames de imagens que avaliam a hemodinâmica cerebral de pacientes submetidos a CD.

Método: Revisão sistemática com estratégia de busca na base Pubmed para identificação de artigos publicados até o ano de 2017, identificando estudos sobre a hemodinâmica cerebral com ênfase nos achados de exames de imagens em pacientes que fizeram craniectomia descompressiva. Os seguintes termos foram utilizados: “Xenon-CT”, “Transcranial Doppler”, contrast-enhanced ultrasonography’’, “99mTC MDP SPECT”, “CT perfusion” e “descompressive craniectomy”. Utilizou-se a ferramenta “Related Articles” para a seleção dos artigos relevantes adicionais. Foram excluídos os estudos não publicados na língua inglesa, espanhola ou portuguesa e aqueles onde não foi possível avaliar o texto completo.

Resultado: A pesquisa resultou em 11 artigos com um total de 146 pacientes submetidos a CD e cranioplastia subsequente. Estudos utilizaram diferentes modalidades de imagem, incluindo TC perfusão (n = 4), Xenon-CT (n = 1), SPECT (n = 1), Doppler transcraniano (n = 4), Ultrassonografia com contraste (n = 1). Oito dos 11 trabalhos mostraram um aumento do Fluxo Sanguineo Encefálico (FSE) após a CD, enquanto 2 estudos mostram diminuição do FSE após a CD, mesmo com melhora da função neural. Entretanto, a função neurológica melhorou em uma grande maioria dos pacientes após a cranioplastia.

Conclusão: Este estudo mostrou que a CD leva a mudanças nos parâmetros perfusionais cerebrais, aumentando o FSE e a função neurológica, e que os métodos de imagem têm extrema importância para avaliar a hemodinâmica cerebral. Deste modo, são necessárias mais publicações para consolidar o papel desses exames de imagens na hemodinâmica cerebral em pacientes submetidos à CD.