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DOI: 10.1055/s-0038-1673230
Lesão cerebral isquêmica, hematoma putaminal e intraventricular: paciente com anemia falciforme
Publikationsverlauf
Publikationsdatum:
06. September 2018 (online)
Introdução: A doença falciforme apresenta várias complicações, sendo as cerebrovasculares as mais graves. Aproximadamente 11% das pessoas com anemia falciforme irão apresentar algum evento cerebrovascular até os 20 anos de idade. Os eventos hemorrágicos são mais comuns entre 20–29 anos de idade e os isquêmicos na primeira década da vida.
Método: Neste trabalho nós relatamos uma paciente em que se observou ambas as complicações cerebrovasculares: isquemia e hemorragia. Apresentamos uma paciente de 33 anos, portadora de anemia falciforme, evoluiu com cefaleia holocraniana, associada a hemiparesia esquerda e diminuição do nível de consciência. A admissão neste serviço estava sedada (Ramsay 6), com pupilas mióticas e fotorreagentes. A TC de crânio evidenciou hematoma intracerebral putaminal de 41mL, associado a hemorragia intraventricular de 16,4mL e hemorragia subaracnoidea. Foi submetida a craniotomia frontotemporoparietal direita e exérese do hematoma intracerebral e intraventricular. No 3o dia pós-operatório, ainda sob sedação, observou-se pupilas anisocóricas (esquerda > direita), sendo realizada solução salina hipertônica 20% (0,5ml/kg infusão em 10 minutos) e hiperventilação controlada, com reversão da anisocoria. Foi optado pela implantação de cateter intraventricular para monitoração da PIC. Apesar do manuseio adequado ela evoluiu com hipertensão intracraniana refratária, sendo optado por retirada do retalho ósseo. A TC de crânio após retirada do retalho ósseo evidenciou isquemia cerebral difusa bilateral.
Conclusão: Apesar de todas as medidas, a paciente evoluiu a óbito no 10o dia de internação. Dois processos são envolvidos na fisiopatologia da doença cerebrovascular na anemia falciforme; um insulto degenerativo, responsável pelos quadros hemorrágicos, e um processo reparativo, responsável pelos quadros isquêmicos. Em 1% dos pacientes coexistem fenômenos hemorrágicos e isquêmicos, tornando o prognóstico neurológico pior. Tal associação foi observada em nosso caso, no qual houve um desfecho fatal.