CC BY-NC-ND 4.0 · Journal of Coloproctology 2023; 43(S 01): S1-S270
DOI: 10.1055/s-0044-1781108
Modalidade de apresentação: Pôster Eletrônico
Doenças Anorretais

LINFOMA DE HODGKIN RETAL: UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL

Bianca Gabriela Calsolari Oliveira
1   Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
,
Isadora Lagreca Garrafa Cardoso
,
Ronara Gomes Pavoni
,
Gabriel de Souza Brum Marques de Almeida
,
Luis Antonio Caricio Da Fonseca
,
Ricardo Tadayoshi Akiba
,
Mariza Helena Prado Kobata
,
Sarhan Sydney Saad
› Author Affiliations
 

biancacalsolari@gmail.com

Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, de 69 anos, diabético, hipertenso e doente renal crônico, que apresentava dor anal em queimação de forte intensidade havia 2 anos. Inicialmente, foi diagnosticado com fissura anal, abscesso perianal e fístula interesfincteriana complexa. Ao exame físico, foram identificadas lesão úlcero-vegetante com bordos elevados em toda a parede anterolateral direita, a 7 cm da borda anal, além de fistula perianal. A ressonância magnética evidenciou espessamento parietal retal e linfonodos regionais reacionais. Aventou-se a hipótese de doença inflamatória intestinal (DII). Realizou-se colonoscopia, e o paciente evoluiu com perfuração colônica e necessidade de colectomia direita e ileostomia. O anatomopatológico da peça revelou áreas de isquemia, sem outros achados. O paciente recebeu tratamento para doença inflamatória, sem resposta, aguarda reconstrução de trânsito, e mantém trajeto fistuloso, proctalgia intensa, síndrome consuptiva e mucorreia. Foram realizados exames proctológicos seriados para o tratamento da fístula, além de nova colonoscopia, que evidenciou lesão ulcerosa friável, extensa, no reto distal até a linha pectínea, progressiva, de caráter infiltrativo. Após múltiplas biópsias com sinais de inflamação crônica, culturas e pesquisa de CMV e TB negativas, a imuno-histoquímica identificou linfoma de Hodgkin clássico, EBV +. Realizou-se estadiamento por imagem sugestiva de acometimento retal exclusivo. O paciente segue em quimioterapia com hematologia e com boa resposta clínica. O diagnóstico diferencial nas lesões ulceradas retais é desafiador, e envolve uma variedade de etiologias (infecciosas, neoplásicas, traumáticas, isquêmicas e inflamatórias). A biópsia tem papel fundamental nesse contexto para guiar o diagnóstico histopatológico, assim como a imuno-histoquímica. Inicialmente, a clínica e o exame de imagem apontavam para DII, cuja incidência é bimodal, com pico em idosos. A clínica pode ser semelhante à caso, com perda de peso, mas a ausência de confirmação por exame anatomopatológico não favorecia iniciar terapia imunossupressora. Já o diagnóstico final de linfoma colorretal é extremamente raro; esse linfomas acometem principalmente homens entre a sexta e sétima décadas de vida, e geralmente localizam-se no ceco e no cólon ascendente. Manifestam-se comumente com dor abdominal, perda ponderal e massa palpável, muitas vezes inespecífica. O diagnóstico diferencial de úlceras retais continua a ser um desafio, a despeito do avanço dos métodos diagnósticos, e são necessários exames endoscópicos e biópsias de qualidade na investigação.



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Article published online:
27 February 2024

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