Palavras-chave
agentes antibacterianos - profilaxia - artroplastia - infecção - animais - suínos
Introdução
A infecção no sítio cirúrgico é uma causa significativa de morbimortalidade nas cirurgias
articulares do joelho, e tem um impacto indireto na economia do país.[1] Pacientes infectados têm mais chance de óbito, de necessitar de cuidados intensivos,
e de precisar de reabordagem. Enfermarias ortopédicas são classificadas como locais
de alto risco para tal complicação, principalmente em pacientes submetidos a artroplastias.[2] Contudo, a administração do antibiótico profilático tem causado a diminuição das
taxas de contaminação e de infecção, sendo o foco de muitas pesquisas atuais.[1]
[3]
As bactérias mais comuns causadoras de contaminação e subsequente infecção nas artroplastias
totais de joelho são os Staphylococcus aureus e estafilococos coagulase-negativos (ECNs).[3]
[4]
[5] A administração sistêmica do antibiótico de primeira geração das cefalosporinas
e da vancomicina tem sido a recomendação mais aceita na profilaxia. As cefalosporinas
têm um espectro de atividade contra ECNs, S. aureus sensíveis a meticilina (SASM) e algumas bactérias gram-negativas, enquanto a vancomicina
é ativa para S. aureus resistente a meticilina (SARM).[3]
Para que o antibiótico profilático seja eficaz, a sua concentração no tecido deve
exceder a concentração mínima inibitória (CMI) do organismo comumente causador da
infecção em um período entre a incisão e o fechamento da ferida.[1]
[4]
[6] Estudos recentes têm questionado se a concentração de antibiótico alcançada no tecido
com a administração EV como profilaxia é adequada para a atividade bactericida.[3]
Young et al[7] demonstraram que se pode alcançar maior concentração no tecido com a administração
regional intraóssea (ARIO) de antibiótico profilático em pacientes submetidos a cirurgias
no joelho, após a colocação do torniquete e antes da incisão na pele.[1]
[3]
[7] Um estudo[3] randomizado com pacientes com prótese total de joelho comparou a ARIO com a administração
EV, e demonstrou que a ARIO alcançou concentrações teciduais dez vezes maiores do
que a administração IV[3]
[7]
[8] ([Tabela 1]).
Tabela 1
|
Tipo de tecido
|
250 mg de ARIO de vancomicina
|
500 mg de ARIO de vancomicina
|
1 g de vancomicina EV
|
1 g de ARIO de cefazolina
|
1 g de cefazolina EV
|
|
Gordura subcutânea (ug/g)
|
14
|
44
|
3,2
|
186
|
11
|
|
Osso (ug/g)
|
16
|
38
|
4
|
130
|
11
|
Considerando o maior risco de complicações nos pacientes infectados, é fundamental
o desenvolvimento de medidas mais eficazes que auxiliem na prevenção delas. Assim,
o presente estudo buscou caracterizar, do ponto de vista prático e quantitativo, o
uso do acesso IO regional para que se pudesse obter maior concentração no tecido durante
esses tipos de cirurgias.
O objetivo do presente estudo é demonstrar que o acesso IO apresenta maior concentração
local de antibiótico profilático em cirurgias no joelho suíno comparado com a administração
EV.
Materiais e Métodos
Este estudo foi feito na Disciplina de Bases em Técnicas Operatórias no biotério,
e foi aprovado pelo Comitê de Ética de Uso de Animais, de acordo com a resolução normativa
n∘ 007/12 (protocolo de aprovação n∘ 030/2016). O modelo animal objeto do estudo foi
desenvolvido com 36 porcos (Sus scrofa domesticus), machos ou fêmeas, com 3 meses de idade e peso aproximado de 16 kg.
Os animais destinados ao estudo foram alimentados com ração Presuntina e água potável
(fornecida pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A, Sanasa) sob demanda,
e permaneceram em ambiente preparado (baias) individualizado. Foram rigorosamente
adotadas e seguidas as recomendações e normatizações prescritas pelo Comitê de Ética
para uso e proteção de animais em experimentos científicos. Todos foram sacrificados
imediatamente após os procedimentos, também de acordo com as recomendações do Comitê
de Ética.
Para os procedimentos experimentais, foram formados 3 grupos com 12 porcos, todos
submetidos a acesso venoso periférico, anestesia geral e intubação orotraqueal, e,
em seguida, antissepsia do(s) membro(s) abordado com clorexidina aquosa a 2%. Em todos
os porcos, foram feitas coletas de material da região do joelho em dois momentos.
Em cada coleta foram retiradas duas amostras de pele do joelho, duas de tecido subcutâneo
do joelho, duas de cartilagem do planalto tibial, e duas de osso da extremidade proximal
da tíbia. Tais amostras seguiram o mesmo padrão para retirada (mesmos equipamentos,
tamanho semelhante, mesmos locais de retirada, e mesma equipe). Além disso, foram
usados instrumentais limpos com clorexidina, e a equipe usou roupas cirúrgicas limpas
e luvas estéreis. No primeiro grupo, o grupo de controle (GC), foi administrado apenas
soro fisiológico a 0,9% pelo acesso venoso periférico (na orelha do animal). A primeira
coleta foi feita 30 minutos após o término da infusão, e a segunda, após uma hora
do término da infusão. No segundo, o grupo intraósseo (GIO), foi colocado torniquete
no membro inferior direito (na coxa) de cada animal, e, depois, administrada uma ampola
de cefazolina 2 g por via IO, diluída em 20 mL de soro fisiológico a 0,9%, por meio
do dispositivo NIO Pediatric (PerSys Medical, Houston, TX, EUA) na região medial do
planalto tibial. A primeira coleta foi feita 30 minutos após a infusão do antibiótico,
e a segunda amostra foi coletada após uma hora do término da infusão. Para que se
fizesse uma análise melhor, um terceiro grupo (grupo intraósseo contralateral, GIOCL)
foi criado, com amostras coletadas ao mesmo tempo em que o GIO, porém no membro contralateral,
em que não havia sido administrada antibioticoterapia IO. No quarto grupo (grupo intravenoso,
GIV), foi administrada uma ampola de cefazolina 2 g por via EV, diluída em 250 mililitros
de soro fisiológico a 0,9%. O tempo transcorrido entre o início e o término da infusão
foi, em média, de 20 minutos. Após 30 minutos do término da infusão do antibiótico,
foi feita a primeira coleta de material, e a segunda, 1 hora após o término da infusão
([Fig. 1]). Para as análises, foram usadas placas de Ágar Sal Manitol, que foram incubadas
com S. aureus na diluição de 4:1 (4 partes de soro para 1 parte de bactéria), e aplicou-se a diluição
com swab estéril. Logo após a semeadura da placa, amostras dos tecidos foram inseridas nela,
e incubadas a 37°C. Após 24 horas de incubação, foi feita a primeira análise dos halos. Após a primeira
análise, as amostras tornaram a ser incubadas por mais 24 horas para a segunda leitura.[9]
[10]
[11] A formação de um halo vermelho nas placas significa que as bactérias não cresceram,
ou seja, a medicação presente no tecido matou as bactérias que estavam naquele local
([Fig. 2]).
Fig. 1 Esquema representativo do fluxograma das coletas.
Fig. 2 Placa de sal manitol sem e com Staphylococcus aureus respectivamente.
Resultados
Os resultados foram obtidos por meio da multiplicação do diâmetro maior com o diâmetro
menor, em centímetros, do halo vermelho formado em torno de cada tecido ([Fig. 3]).
Fig. 3 Cultura de tecido ósseo após 30 minutos de administração da cefazolina em cultura
de 24 horas.
O teste estatístico aplicado foi o de Mann-Whitney, teste não paramétrico com amostras
independentes. Foram analisadas 240 amostras (5 foram descartadas por contaminação
das placas), que foram distribuídas da seguinte forma: 59 no GC; 60 no GIO; 56 no
GIOCL; e 60 no GIV. De cada grupo foram retiradas duas amostras de pele: 1 de tecido
subcutâneo, 1 de cartilagem e 1 de osso após 30 minutos de infusão de cefazolina,
e outra de cada um dos mesmos tecidos após 1 hora.
Todas as amostras foram medidas e pesadas para ver se não tinham diferença de tamanho
ou peso que poderia influenciar no tamanho do halo (amostras maiores teriam halos
maiores). Os tamanhos das amostras, com leitura após 24 e 48 horas (p = 0,715 e 0,977, respectivamente), e os seus pesos, com leitura após 24 e 48 horas
(p = 0,171 e 0,623, respectivamente), quando comparados entre os grupos, não revelaram
diferença estatística; portanto, provou-se que as amostras eram homogêneas ([Fig. 4]).
Fig. 4 Média por grupo referente ao tamanho e peso das amostras.
A análise do tamanho dos halos, com a soma de todos os tecidos juntos, mostrou que
o GIO obteve a maior média (25,57 cm), e a menor média foi do GC (1,81 cm). Na análise
de todos os tecidos juntos, o GIO matou maior número de bactérias em volta do tecido
do que todos os outros grupos. As análises estatísticas das médias dos grupos em relação
aos tipos de tecidos analisados estão ilustradas na [Tabela 2] e na [Figura 4].
Tabela 2
|
Grupo
|
Valor de p
|
|
Tempo 24 h/30 min
|
|
|
GIO x GIOCL
|
0,000000297
|
|
GIO x GIV
|
0,0000453
|
|
Tempo 24 h/1 h
|
|
|
GIO x GIOCL
|
0,00000182
|
|
GIO x GIV
|
0,0003722
|
|
Tempo 48 h/30 min
|
|
|
GIO x GIOCL
|
0,0042
|
|
GIO x GIV
|
0,005
|
|
Tempo 48 h/1 h
|
|
|
GIO x GIOCL
|
0,04
|
|
GIO x GIV
|
0,047
|
Para saber em qual tecido o valor de p foi significativo, fizemos a comparação individual por grupo e por tecido. Não ocorreu
significância estatística quando comparados o GIOCL e o GIV; todos os valores de p, quando comparados com os tecidos individualmente, foram maiores do que 0,05. Ou
seja, a medicação venosa e o joelho contralateral se comportaram da mesma forma. O
GC só formou o halo nos tecidos da pele devido à assepsia pré-operatória.
O GIO, quando comparado aos outros grupos, obteve resultado estatístico significativo
em todas as coletas e em todos os tempos ([Tabela 2]); o halo formado pelo GIO foi maior em todas as amostras.
Na comparação por tipo de tecido do GIO com o GIOCL, o GIO se mostrou superior nas
primeiras 24 horas da coleta de 30 minutos na pele (p = 0,029), e, no tecido subcutâneo, também se mostrou superior nas primeiras 24 horas,
tanto na coleta de 30 minutos quanto na de 1 hora (p = 0,016 e 0,017, respectivamente). Na cartilagem, nas primeiras 24 horas, tanto na
coleta de 30 minutos quanto na de 1 hora, também foi significante estatisticamente
(p = 0,004 e 0,002 respectivamente). Quando comparado o tecido ósseo com os outros tecidos,
em todos os tempos, o GIO foi superior ([Tabelas 3] e [4]). Na análise dos valores das tabelas, observamos que em ambas as coletas (30 minutos
e 1 hora), após medicação IO, o torniquete manteve a medicação mais concentrada no
joelho de interesse, ou seja, a medicação estava mais concentrada nesses tecidos,
matou maior número de bactérias, e aumentou o halo formado em volta. Após 48 horas,
a concentração do antibiótico diminui, as bactérias conseguem crescer, e chegam próximo
ao tecido; porém, o tecido ósseo foi o único estatisticamente significativo em ambas
as coletas (p = 0,008 erro padrão [EP] = 0,034). Na comparação por tipo de tecido do GIO com o
GIV, GIO se mostrou superior nas primeiras 24 horas da coleta de 30 minutos na pele,
com p = 0,049, e, no tecido subcutâneo, não houve significância estatística entre os grupos.
Na cartilagem, nas primeiras 24 horas, tanto na coleta de 30 minutos quanto na de
1 hora, foi significante estatisticamente (p = 0,018 e 0,014, respectivamente).Quando comparado o tecido ósseo, nos três primeiros
tempos, o GIO foi superior, porém, na segunda coleta, com incubação de 48 horas, não
ocorreu significância estatística ([Tabela 5]). Observamos que o halo do tecido ósseo no GIO foi maior quando comparado com todos
os grupos. Isso significa que a concentração de antibiótico foi maior nesse tecido,
matou as bactérias em volta dele, e aumentou o tamanho do halo, tanto na coleta após
30 minutos da infusão quanto após 1 hora ([Fig. 5]).
Tabela 3
|
GIO x GIOCL
|
Tecido
|
Valor de p
|
|
Tempo
24 h/30 min
|
Pele
Subcutâneo
|
0,029
0,016
|
|
Cartilagem
|
0,004
|
|
Osso
|
0,002
|
|
Tempo
24 h/1 h
|
Pele
Subcutâneo
|
0,052
0,017
|
|
Cartilagem
|
0,002
|
|
Osso
|
0,002
|
|
Tempo
48 h/30 min
|
Pele
Subcutâneo
|
0,096
0,476
|
|
Cartilagem
|
0,774
|
|
Osso
|
0,008
|
|
Tempo
48 h/1 h
|
Pele
Subcutâneo
|
0,275
0,655
|
|
Cartilagem
|
0,678
|
|
Osso
|
0,034
|
Tabela 4
|
Tecido
|
Amostra 24 h/30 min
|
Amostra 24 h/60 min
|
Amostra 48 h/30 min
|
Amostra 48 h/60 min
|
|
GIO pele
|
30,15
|
29,29
|
5,02
|
4,03
|
|
GIO subcutâneo
|
24,93
|
25,56
|
3,78
|
3,09
|
|
GIO cartilagem
|
19,54
|
20,60
|
1,36
|
2,20
|
|
GIO osso
|
27,65
|
20,67
|
4,63
|
2,73
|
|
GIOCL pele
|
18,85
|
18,94
|
2,55
|
3,15
|
|
GIOCL subcutâneo
|
15,31
|
15,45
|
3,68
|
2,39
|
|
GIOCL cartilagem
|
11,26
|
9,01
|
1,99
|
1,62
|
|
GIOCL osso
|
11,61
|
7,62
|
2,28
|
0,37
|
Tabela 5
|
GIO x GIV
|
Valor de p
|
|
Tempo 24 h/30 min
|
|
|
Pele
|
0,049
|
|
Subcutâneo
|
0,178
|
|
Cartilagem
|
0,018
|
|
Osso
|
0,002
|
|
Tempo 24 h/1 h
|
|
|
Pele
|
0,074
|
|
Subcutâneo
|
0,056
|
|
Cartilagem
|
0,014
|
|
Osso
|
0,038
|
|
Tempo 48 h/30 min
|
|
|
Pele
|
0,174
|
|
Subcutâneo
|
0,440
|
|
Cartilagem
|
0,678
|
|
Osso
|
0,006
|
|
Tempo 48 h/1 h
|
|
|
Pele
|
0,275
|
|
Subcutâneo
|
0,632
|
|
Cartilagem
|
0,587
|
|
Osso
|
0,087
|
Fig. 5 Comparação do tecido ósseo entre os grupos.
Discussão
Foi comprovado que os antibióticos profiiláticos reduzem as taxas de infecção nas
artroplastias,[1]
[7] e, para serem eficazes, devem ter concentrações teciduais adequadas no local operatório
desde a incisão até o fechamento.[12]
[13] Embora antibióticos, como os aminoglicósidos e as fliuoroquinolonas, sejam dependentes
da concentração, para os antibióticos b-lactâmicos, tais como a cefazolina, o fator
mais importante é o tempo acima da CIM. À medida que a resistência aos antibióticos
aumenta, a administração sistêmica das cefalosporinas pode já não proporcionar concentrações
adequadas nos tecidos, enquanto ARIO atinge concentrações teciduais muito mais elevadas.[14] Há muitas evidências de que a antibioticoterapia profilática nas cirurgias osteomusculares,
especificamente neste caso, no joelho, feita por via IO regional, tem se mostrado
mais eficaz do que quando feita por via EV, como é feito convencionalmente no Brasil.
Este estudo experimental mostrou que a ARIO proporcionou maior inibição bacteriana,
provavelmente por ter maior concentração da cefazolina, presente nos tecidos locais,
do que a mesma dose do antibiótico administrada sistemicamente, em modelo suíno, demonstrado
por meio do crescimento de estafilococos nas placas de Petri; e as placas de IO impediram,
em maior quantidade, o crescimento do S. aureus. Assim, foi deduzido que a concentração do antibiótico encontrada nos tecidos foi
superior no GIO em relação ao GIV e ao GIOCL, como observado também por Young et al.[1]
Em todos os tecidos estudados, a concentração do antibiótico no grupo que recebeu
a ARIO foi superior quando comparado com o GC. Na pele, as concentrações foram mais
elevadas nas amostras coletadas aos 30 minutos da administração da medicação, sendo
o principal momento em que é necessário o pico de concentração nesse local – incisão
da pele no início do procedimento. No tecido subcutâneo, na cartilagem e no osso,
o crescimento bacteriano se manteve próximo das amostras coletadas aos 30 minutos
quando comparadas com as coletadas após 1 hora da administração da medicação.
Quando comparados os grupos de ARIO e EV, o grupo de ARIO mostrou maior inibição de
crescimento bacteriano nas primeiras 24 horas após coleta de 30 minutos na pele, na
cartilagem e no osso, e na coleta após 1 hora na cartilagem e no osso. A medicação
na amostra do GIO perdeu efeito somente após 48 horas de incubação, e, nas amostras
coletadas após 1 hora da infusão da medicação, ou seja, a medicação permaneceu mais
tempo ativa do que nos outros grupos. Esse é um dos dados mais importantes obtidos
no estudo, visto que o foco principal buscado é a profilaxia em cirurgias osteomusculares
do joelho.
Outro dado importante analisado foi a superioridade do GIO em comparação com o GIOCL.
Esse grupo apresentou o mesmo crescimento bacteriano do que o GIV, e mostrou a eficácia
da ARIO e do uso de torniquete, que manteve a concentração de cefazolina alta nos
tecidos locais, e disseminou pouca medicação para o joelho oposto. O GIO foi superior
ao GIOCL em todos os tecidos, nas leituras após 24 horas na coleta de 30 minutos,
e no tecido subcutâneo, na cartilagem e no osso, na coleta de uma hora. Na leitura
após 48 horas de incubação, em ambas as coletas, a inibição bacteriana foi significativa
no tecido ósseo, e mostrou que a concentração do antibiótico se manteve no GIO, enquanto
no GIOCL e no GIV ela caiu.
Foram também observados alguns vieses neste trabalho. Embora tenhamos tentado usar
as doses de antibióticos equivalentes e simular a situação clínica de um procedimento
cirúrgico, não está claro o quanto esse modelo se aproxima da situação clínica em
humanos. Além disso, embora a via IO seja relatada como tendo farmacocinética tanto
para fluidos quanto para medicamentos semelhantes à administração IV,[15] seu uso para a administração regional não é tão bem conhecido, e tem poucos trabalhos
publicados.
Conclusão
Neste estudo, a ARIO pré-operatória de antibiótico profilático apresentou maior concentração
local nas amostras coletadas, e resultou em uma maior inibição do crescimento bacteriano
nos tecidos, em comparação com a via endovenosa. Visto que as complicações dessa prática
são raras, o uso dessa via pode ser uma opção para a diminuição do risco de infecção
do sítio cirúrgico nas cirurgias ortopédicas. Com isso, esse tipo de enfoque se torna
cada vez mais pertinente na ortopedia e pode, posteriormente, auxiliar na mudança
de protocolos de padrões de profilaxia em cirurgias articulares, com vistas à diminuição
da infecção pós-operatória, considerando os benefícios para o paciente e para o sistema
de saúde. Contudo, estando comprovada a eficácia do método em porcos, são necessários
novos estudos experimentais em humanos, assim como o desenvolvimento de trabalhos
futuros para confirmar se isso se traduz em melhor prevenção da infecção. Acreditamos
que os resultados obtidos com este projeto irão contribuir para um melhor entendimento
de ambas as vias estudadas e de suas eficácias, podendo abrir perspectivas para o
uso do acesso em questão.