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DOI: 10.1055/s-0038-1672394
Performance cognitiva de pacientes com malformação arteriovenosa cerebral rota e não rota
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Introdução: Há uma tendência em não se avaliar os aspectos neurocognitivos de pacientes com malformação arteriovenosa cerebral (MAVc) em uma pré-intervenção neurocirúrgica. Considerando o impacto dos déficits neurológicos funcionais, as alterações neurocognitivas também deveriam ser incluídas no protocolo de avaliação pré-cirúrgica de pacientes sintomáticos. Entretanto, esses pacientes raramente são avaliados quanto ao funcionamento neurocognitivo em estudos clínicos, bem como não o são na prática clínica de grande parte dos centros de neurocirurgia vascular.
Objetivo: Descrever as funções neurocognitivas dos pacientes com MAVc rota e não rota, segundo o grau na escala de Spetzler-Martin e topografia anatômica.
Métodos: Neste estudo transversal cego foram incluídos 73 pacientes, de ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 60 anos, avaliados por meio do teste das matrizes progressivas de Raven e do instrumento de avaliação neuropsicológica breve Neupsilin. Foram excluídos os pacientes com pontuação maior ou igual a 2 na modified Rankin Scale, com menos de 1 mês de rompimento da MAVc, com síndromes genéticas, deficiências intelectuais, sensoriais ou neuropsiquiátricas e/ou histórico médico prévio de intervenções neurocirúrgicas, com dor não controlada ou epilepsia.
Resultados: Oitenta e dois por cento dos pacientes com MAVc apresentavam alterações em pelo menos um dos oito domínios neurocognitivos pesquisados, apesar de não apresentarem déficits neurológicos. Destas MAVc, 59% eram rotas e não houve diferença estatística significativa quando comparadas ao perfil de déficits neurocognitivos do grupo de MAVc não rotas. Pacientes com MAVc temporal apresentaram menor escore Z médio (−1,5 desvios-padrões) que a população em dois domínios: memória e funções executivas, enquanto nas demais localizações os déficits foram seletivos para funções executivas. Os pacientes com MAVc de grau III apresentaram quatro domínios acometidos.
Conclusão: Nosso estudo indica que MAVc não tratadas e mesmo sem sintomas neurológicos já apresentam alterações neurocognitivas. As escalas que avaliam incapacidade utilizadas nos principais estudos clínicos não avaliam alterações cognitivas e, portanto, desconsideram eventuais déficits que afetam a qualidade de vida. Este achado levanta uma importante questão quanto aos efeitos do tratamento intervencionista, pois reforça a hipótese de que alterações cognitivas podem ser prévias e não determinadas pelas intervenções.
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