Meningiomatose cerebral – relato de caso

Apresentação do Caso: Homem de 64 anos, diabético, há um ano com relato de cefaleia moderada, frontoparietal bilateral, em peso, pior com decúbito e no período matinal, de caráter progressivo, informa que há 6 meses da internação iniciou uso de fenobarbital (uso irregular) após apresentar episódios de crises focais perceptivas. Ao exame observou-se como principais alterações hemiparesia esquerda grau 4 +, tendência à queda para a esquerda quando em ortostase e hipoestesia tátil superficial em território do ramo oftálmico do nervo trigêmeo à direita. Ressonância Magnética do Crânio com múltiplas lesões expansivas supratentoriais, extra axiais, em continuidade com a meninge, grande realce pelo contraste e edema adjacente com apagamento de sulcos, compressão do ventrículo lateral direito e do troco encefálico. Submetido à ressecção completa da lesão temporal direita por via subtemporal. Apresentou uma crise convulsiva no intraoperatório e outra no sétimo dia de pós-operatório. Anatomopatológico revelou meningioma atípico, com moderada atipia e focos de necrose, com expressão de EMA e Proteína S 100.

Discussão: Meningiomas ocorrem com frequência na prática neurocirúrgica. A maior incidência de meningiomas no sexo feminino é conhecida e atribuída à influência de fatores hormonais, como a progesterona. A maioria é histologicamente benigna. Meningiomas múltiplos são definidos como lesões expansivas que ocorrem em várias localizações simultaneamente sem a presença de neurofibromas. A incidência é de aproximadamente 2% nas séries de casos enquanto nas séries de necropsias varia de 8,2% a 16,9%. O prognóstico não costuma ser diferente do meningioma benigno solitário. A ocorrência de variados graus de malignidade é relatada em um terço dos casos. O uso de dexametasona no pré-operatório pode ser uma opção, reduzindo o edema e facilitando o ato operatório. Nos casos nos quais a ressecção total não é possível devido ao tamanho ou localização, a lesão mais sintomática deve ser excisada e deve se considerar a radioterapia como tratamento adjuvante.

Comentários finais: A meningiomatose é relativamente rara. O prognóstico não costuma ser diferente dos meningiomas solitários, e a cirurgia aberta com ressecção total é o padrão-ouro de tratamento. Nos casos de emergência, a ressecção da maior lesão pode ser útil como tratamento inicial.

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