A insuficiência do ligamento cruzado anterior (LCA) causa alterações biomecânicas
e cinemáticas na articulação tibiofemoral,[1]
[2] podendo secundariamente causar alterações femoropatelares.[3] Em nosso estudo, analisamos o comportamento de três parâmetros radiográficos femoropatelares
(altura patelar pelo método de Caton-Deschamps, ângulo de congruência patelar de Merchant,
e ângulo de inclinação lateral da patela de Laurin) em joelhos com insuficiência crônica
isolada do LCA há > 12 meses, comparando-os com joelhos contralaterais normais.
Em relação aos critérios de inclusão da amostra, reforçamos que apenas foram selecionados
pacientes com lesão crônica isolada do LCA em um dos joelhos (grupo caso, n = 30) e joelho contralateral normal (grupo controle, n = 30). Concordamos que a presença de lesão prévia do ligamento patelofemoral medial
(LPFM), ou episódio prévio de luxação lateral da patela, poderiam alterar os índices
radiográficos estudados. Desta forma, conforme destacado na Tabela 1 do nosso artigo
original,[4] enfatizamos que a presença de quaisquer lesões ou alterações prévias de qualquer
origem, inclusive traumática, em qualquer um dos joelhos, à exceção da lesão isolada
do LCA em um dos joelhos, seria critério de exclusão. Para isto, realizamos história
clínica e exame físico dos membros inferiores em busca de quaisquer alterações, além
dos sinais de insuficiência isolada unilateral do LCA. Imagem de ressonância magnética
(IRM) também foi analisada para afastar lesões associadas. Desta forma, pacientes
com história prévia de luxação lateral de patela ou sinais de lesão do LPFM foram
excluídos.
As radiografias digitais obtidas foram analisadas pelo mesmo avaliador, que não conhecia
os propósitos das medições ou grupos de estudo. A avaliação por um único avaliador
“cego” foi escolhida devido à grande quantidade de medições necessárias ao estudo (240 medições
em 60 joelhos) e ao perfil assistencial de alta demanda da nossa instituição. Porém,
concordamos que a mensuração por mais de um avaliador seria a ideal e o cálculo dos
coeficientes de correlação inter- e intraobservador agregaria valor estatístico, sendo
uma limitação do nosso trabalho.
A análise estatística comparativa dos valores dos parâmetros estudados nos dois grupos
foi realizada utilizando o teste t de Student, o qual se aplica para comparar valores
que apresentam distribuição normal, onde valores médios (média) e mediana são muito
próximos. Foram aplicados, para todos os grupos de valores obtidos, dois testes de
normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk), e ambos determinaram distribuição
normal da amostra, com valores de média e mediana muito próximos. Ao avaliar os valores
de inclinação lateral da patela no grupo caso (n = 30), encontramos em apenas dois joelhos uma inversão do ângulo de Laurin (- 2,2°
e - 4,8°). Concordamos que valores outliers poderiam prejudicar a avaliação do teste t de Student, mas isto somente aconteceria
se estes valores provocassem uma distorção entre média e mediana na amostra estudada.
Em nossa análise estatística, observamos que a inclusão desses valores (- 2,2° e -
4,8°) não provocou distorção entre média e mediana no grupo de valores, ou seja, não
alterou a distribuição normal da amostra, o que validaria o uso do teste t de Student.