Palavras-chave
plasma rico em plaquetas - doenças osteomusculares - indústria - conflito de interesses
- ética
Introdução
O plasma rico em plaquetas (PRP) é derivado da centrifugação do sangue do paciente,
resultando em uma fração rica em plaquetas maior do que a concentração sérica.[1] A terapia com esta preparação consiste na ativação de fatores de crescimento que
migram para o sítio doente, ou seja, a região onde é necessária uma evolução da regeneração
tecidual e da angiogênese. Desta forma, o efeito biológico dessa preparação do sangue
toma forma, facilitando o ambiente biocelular e, teoricamente, acelerando o processo
de cicatrização.[2]
Recentemente, o uso do PRP foi observado no tratamento de algumas lesões osteomusculares.[3]
[4] No entanto, muitos desses estudos apresentam um tamanho de amostra pequeno, com
alto risco de viés.[5]
[6]
[7] Sabe-se que o apoio financeiro industrial está associado a achados favoráveis em
publicações de diversos estudos referentes à cirurgia ortopédica.[8]
[9]
O objetivo deste artigo é descrever e investigar a associação entre financiamento
da pesquisa, conflito de interesses, nível de evidência e afiliação dos autores com
a interpretação dos resultados em publicações sobre a terapia com PRP em doenças osteomusculares
(DOMs).
Métodos
Estratégia de Pesquisa
Foram incluídos os artigos sobre terapia com PRP relacionados às DOMs e publicados
em periódicos. Em seguida, foi realizada uma revisão das bases de dados PubMed e Scielo.
A pesquisa de artigos publicados nos últimos 10 anos foi realizada com palavras-chave
no título e finalizada em 12 de agosto de 2016. Foram pesquisadas as seguintes palavras-chave:
Platelet rich plasma[Title] AND (hamstring[Title] OR achilles[Title] OR tunnel[Title]
OR patellar[Title] OR plantar[Title] OR talar[Title] OR talus[Title] OR calcaneal[Title]
OR calcaneus[Title] OR cruciate[Title] OR ulnar[Title] OR radial[Title] OR tibial[Title]
OR knee[Title] OR shoulder[Title] OR elbow[Title] OR ankle[Title] OR hip[Title] OR
rotator cuff[Title] OR handle[Title] OR low back[Title] OR spinal[Title] OR cervical[Title]
OR arm[Title] OR forearm[Title] OR gluteal[Title] OR gluteus[Title] OR calf[Title]
OR leg[Title] OR gastrocnemius[Title] OR quadriceps[Title] OR abductor[Title] OR adductor[Title]
OR abdominal[Title] OR biceps[Title] OR triceps[Title] OR pectoral[Title] OR joint[Title]
OR articular[Title] OR chondral[Title] OR tendon[Title] OR tendinous[Title] OR soft
tissue[Title] OR muscle[Title] OR muscles[Title] OR muscular[Title] OR musculoskeletal[Title]
OR bone[Title] OR bones[Title] OR skeletal[Title] OR cartilage[Title] OR cartilaginous[Title]
OR ligament[Title] OR ligaments[Title] OR osteochondral[Title] OR damage[Title] OR
damages[Title] OR harm[Title] OR harms[Title] OR contusion[Title] OR contusions[Title]
OR sprain[Title] OR sprains[Title] OR twist[Title] OR twists[Title] OR torsion[Title]
OR torsions[Title] OR fractures[Title] OR rupture[Title] OR ruptures[Title] OR dislocation[Title]
OR dislocations[Title] OR luxation[Title] OR luxations[Title] OR strain[Title] OR
strains[Title] OR tendinitis[Title] OR tendinopathy[Title] OR tendinopathies[Title]
OR tendinosis[Title] OR fasciitis[Title] OR arthritis[Title] OR osteoarthritis[Title]
OR arthrosis[Title] OR osteoarthrosis[Title] OR osteoporosis[Title] OR osteomyelitis[Title]
OR bursitis[Title] OR lesion[Title] OR lesions[Title] OR synovitis[Title] OR trauma[Title]
OR traumatic[Title] OR injury[Title] OR injuries[Title] OR epicondylitis[Title] OR
sport[Title] OR sports[Title] OR athletes[Title] OR degenerative[Title]) AND (“2008/09/23”[PDat]:
“2016/08/12”[PDat] AND “humans”[MeSH Terms] AND (Portuguese[lang] OR English[lang])
AND “adult”[MeSH Terms]).
Os critérios de inclusão foram: trabalhos publicados sobre terapia com PRP em DOMs,
de pesquisas em humanos > 18 anos, escritos em inglês ou português, e com texto completo
disponível. Os critérios de exclusão foram: trabalhos que tratavam de tema diferente,
estudos experimentais e de protocolo, e com qualidade de evidência nível V na escala
de Oxford.[10]
Coleta de Dados
Dois autores revisaram de forma independente cada artigo, e coletaram os dados: qualidade
dos resultados, nível de evidência, autoria, financiamento e conflito de interesses.
De acordo com as hipóteses dos autores de cada artigo, as conclusões e discussões
foram revisadas para avaliar a interpretação dos resultados. Expressões-chave como
“mais eficaz”, “superior”, “é melhor”, “mais eficiente”, “é seguro”, “é recomendado”,
“deve ser usado” qualificaram o resultado como favorável. Em seguida, as expressões:
“é o mesmo”, “não exibiu diferença”, e “não há evidências para apoiar o uso” denotaram
um resultado desfavorável. Cada artigo foi avaliado de acordo com as diretrizes do
Oxford Center for Clinical Evidence.[10] A classificação do nível de evidência variou de I a V, sendo o nível I a mais alta
qualidade, e o V, a mais baixa. A autoria, por sua vez, foi considerada acadêmica
caso todos os autores apresentassem afiliação acadêmica: faculdade de medicina, universidade
ou hospital. Se um ou mais autores divulgaram afiliação laboratorial, industrial ou
a qualquer outra empresa, esse tipo de autoria foi considerada industrial. O financiamento
do estudo foi categorizado da seguinte forma: patrocinado pela indústria, não patrocinado
pela indústria, ou não identificável. Se algum dos autores era vinculado a uma empresa
farmacêutica, caso o apoio financeiro tenha sido declarado ou tenha havido gratidão
expressa a qualquer setor, o estudo foi considerado patrocinado pela indústria. No
caso de apoio financeiro de órgãos públicos, governamentais, acadêmicos e de pesquisa,
o financiamento foi considerado não patrocinado pela indústria. Quando não foi possível
classificá-lo, o apoio financeiro foi considerado como não identificável. A declaração
de conflito de interesses foi classificada como presente ou ausente. No caso de ela
não existir, o conflito de interesses não foi classificado.
Os casos em que os autores deste artigo não chegaram a um acordo foram revisados e
discutidos até que o acordo fosse alcançado.
Análise Estatística
O nível de concordância entre os observadores foi medido por meio da estatística capa
(κ), e os valores foram descritos de acordo com os critérios de Fleiss.[11] Foi utilizada uma estatística descritiva com frequências e porcentagens. O teste
do Qui-quadrado foi utilizado para avaliar a relação entre a qualidade do resultado
e as demais variáveis. Uma regressão lógica binária posterior foi planejada e usada
para diminuir o viés de confusão, medindo, assim, a razão de probabilidades [RP] ajustada
(exponenciação do coeficiente B [Exp B]). As variáveis com valor de p < 0,20 no teste do Qui-quadrado foram selecionadas para regressão logística binária.
Todas as análises estatísticas foram realizadas com o programa Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS, IBM Corp., Armonk, NY, EUA), versão 22. O valor de
p definido como < 0,05 de ambos os lados foi considerado significativo com um intervalo
de confiança de 95% (IC95%).
Resultados
Nossa pesquisa eletrônica identificou 204 estudos publicados desde 16 de agosto de
2006. Após excluir 70 (34,3%) estudos, 134 (65,7%) publicações foram incluídas para
análise ([Tabela 1]). A frequência de desfechos favoráveis foi de 96 (71,6%), diferindo significativamente
do desfecho negativo (p < 0,001). O valor de κ interobservador para o desfecho foi de 0,89 (p < 0,001), apresentando um índice de excelência.
Tabela 1
|
1. Identificação
|
|
2. Seleção
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3. Elegibilidade
|
|
4. Incluídos
|
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5. Artigos encontrados na busca eletrônica (n = 204)
|
|
6. Artigos selecionados para revisão (n = 188)
|
|
7. Artigos avaliados para elegibilidade (n = 134)
|
|
8. Estudos incluídos (n = 134)
|
|
9. Excluídos (16):
|
|
• Idioma espanhol (3) e tcheco (1);
|
|
• Texto completo não disponível (12);
|
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10. Excluídos (54):
|
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• Não relacionados ao tema da pesquisa (26);
|
|
• Estudos de protocolo (2);
|
|
• Estudos experimentais/laboratoriais (20);
|
|
• Nível V de evidência (6);
|
A indústria foi identificada como patrocinadora do estudo em 26,1% dos casos ([Tabela 2]); no entanto, em quase metade dos casos, não foi possível classificar o financiador.
Havia conflito de interesses em 15,7% do total, e a maior proporção de artigos tinha
nível IV na escala de Oxford. Salienta-se que em todas as variáveis descritas, as
frequências esperadas foram diferentes (p < 0,001). Os índices κ estavam todos na categoria marcada como “excelente” (p < 0,001).
Tabela 2
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|
Frequência (%)
|
Qui-quadrado*
|
Valor de p
|
Valor de capa (κ)
|
Valor de p
|
|
Resultado
|
Favorável
|
96 (71,6)
|
25,10
|
< 0,001
|
0,89
|
< 0,001
|
|
Desfavorável
|
38 (27,9)
|
|
|
|
|
|
Financiamento
|
Industrial
|
35 (26,1)
|
25,80
|
< 0,001
|
0,85
|
< 0,001
|
|
Não industrial
|
27 (20,1)
|
|
|
|
|
|
Não classificado
|
72 (53,7)
|
|
|
|
|
|
Autoria
|
Acadêmica
|
46 (34,3)
|
13,16
|
< 0,001
|
0, 83
|
< 0,001
|
|
Industrial
|
88 (65,7)
|
|
|
|
|
|
Conflito de interesses
|
Sim
|
21 (15,7)
|
39,50
|
< 0,001
|
0,87
|
< 0,001
|
|
Não
|
78 (58,2)
|
|
|
|
|
|
Não classificado
|
35 (26,1)
|
|
|
|
|
|
Nível de evidência
|
I
|
27 (20,1)
|
38,32
|
< 0,001
|
0,80
|
< 0,001
|
|
II
|
39 (29,1)
|
|
|
|
|
|
III
|
10 (7,5)
|
|
|
|
|
|
IV
|
58 (43,3)
|
|
|
|
|
A relação entre as variáveis investigadas denota que os estudos patrocinados pela
indústria apresentaram maior frequência de resultados positivos em relação aos não
patrocinados pela indústria. Por outro lado, em relação aos níveis de evidência, observa-se
significativamente (p < 0,001) que quanto mais desqualificado um estudo, maior a frequência de resultados
positivos ([Tabela 3]).
Tabela 3
|
|
Resultado
|
Valor de p
|
|
|
Favorável (n = 96)
|
Desfavorável (n = 38)
|
|
|
Financiamento
|
Patrocinado pela indústria (n = 35)
|
29 (30,2%)
|
6 (15,8%)
|
0,159
|
|
Não patrocinado pela indústria
(n = 27)
|
20 (20,8%)
|
7 (18,4%)
|
|
Não identificável (n = 72)
|
47 (49%)
|
25 (65,8%)
|
|
Autoria
|
Acadêmica
(n = 46)
|
31 (32,3%)
|
15 (39,5%)
|
0,430
|
|
Industrial (n = 88)
|
65 (67,7%)
|
23 (60,5%)
|
|
|
Conflito de interesses
|
Sim (n = 21)
|
16 (16,7%)
|
5 (13,2%)
|
0,638
|
|
Não (n = 78)
|
57 (59,4%)
|
21 (55,3%)
|
|
Não classificado
(n = 35)
|
23 (24%)
|
12 (31,6%)
|
|
Nível de evidência
|
I (n = 27)
|
12 (12,5%)
|
15 (39,5%)
|
< 0,001*
|
|
II (n = 39)
|
29 (30,2%)
|
10 (26,3%)
|
|
III (n = 10)
|
4 (4,2%)
|
6 (15,8%)
|
|
IV (n = 58)
|
51 (53,1%)
|
7 (18,4%)
|
Na análise multivariada, as variáveis participantes do modelo foram: financiamento
e nível de evidência. A estatística geral para o Qui-quadrado dos resíduos foi de
27,44 (p < 0,001). A partir da análise do modelo, foi detectada uma relação significativa
entre o financiamento industrial e o financiamento não patrocinado pela indústria.
A RP ajustada para um resultado positivo diminuiu em ∼ 74% no estudo não industrial
em relação ao estudo patrocinado pela indústria (RP: 0,26; IC95%: 0,08–0,85; p < 0,05). Por outro lado, quanto ao nível de evidência, observou-se que, comparado
ao nível de evidência I, os níveis II e IV aumentaram (RP: 12,42; IC95%: 3,79–40,67;
p < 0,001; e RP: 10,97; IC95%: 2,33–51,51; p < 0,01), respectivamente, para um resultado positivo ([Tabela 4]).
Tabela 4
|
|
Coeficiente B
|
Razão de probabilidade ajustada (IC95%)
|
Valor de p
|
|
Financiamento
|
Patrocinado pela indústria
|
–
|
–
|
0,058
|
|
Não patrocinado pela indústria
|
-1,32
|
0,26 (0,08–0,85)
|
0,026
|
|
Não identificável
|
-0,91
|
0,39 (0,12–1,30)
|
0,130
|
|
Nível de evidência
|
I
|
–
|
–
|
< 0,001
|
|
II
|
2,52
|
12,42 (3,79–40,67)
|
< 0,001
|
|
III
|
0,82
|
2,27 (0,76–6,78)
|
0,141
|
|
IV
|
2,39
|
10,97 (2,33–51,51)
|
0,002
|
Discussão
Nossos achados mostraram que o financiamento de publicações pela indústria, a respeito
da terapia com PRP, está significativamente associado a resultados favoráveis. Além
disso, observamos que quanto maior o nível de evidência, menor a proporção de resultados
favoráveis. Ao mesmo tempo, reconhecemos as limitações da nossa análise, como não
poder avaliar e detectar achados significativos em relação ao tipo de financiamento.
Em muitos casos, não qualificamos o apoio em virtude de ele não ter sido descrito.
No entanto, este artigo é o primeiro a descrever possíveis variáveis que podem influenciar
os resultados de publicações sobre terapia com PRP.
O uso clínico e terapêutico da terapia com PRP tem sido estudado por muitos autores.[7]
[12]
[13] Uma revisão sistemática[7] que avaliou os efeitos (benéficos e maléficos) da terapia com PRP no tratamento
das DOMs, no geral, concluiu que atualmente não existem evidências suficientes para
apoiar o seu uso.[7] Outra revisão sistemática[12] avaliou os efeitos da terapia com PRP no tratamento de osteotomias de ossos longos,
fraturas agudas, fraturas não unidas e defeitos, com os autores demonstrando que as
evidências atualmente disponíveis são insuficientes para respaldar o uso rotineiro
dessa intervenção na prática clínica.[12] Uma metanálise[13] estudou a eficácia do tratamento com PRP na lesão dos isquiotibiais e não mostrou
efeito quando os pacientes foram comparados com o grupo controle (OR: 1,03; IC95%:
0,87–1,22; p = 0,73).[13] Essas revisões parecem demonstrar que existem estudos com baixa qualidade de evidência,
sendo que atualmente existem dados insuficientes demonstrando o benefício clínico
com o uso da terapia com PRP.
Amiri et al[14] encontraram resultados favoráveis na associação entre financiamento da pesquisa
e as conclusões favoráveis em 81% das pesquisas sobre coluna vertebral. Em outro artigo,[15] a taxa das pesquisas com resultados positivos foi de 48,8%. No entanto, esses autores
consideraram o resultado “neutro”, com frequência de 41,4% no respectivo trabalho,
e na artroplastia do quadril e do joelho, mostraram que 70,81% dos artigos apresentaram
resultados positivos. A maioria dos artigos apresentou viés favorável nos resultados.
Da mesma forma, taxas baixas de conclusões desfavoráveis também foram relatadas por
outros autores em pesquisas sobre ortopedia geral.[16]
Tem havido muito debate em torno do financiamento de pesquisa e o quanto esse patrocínio
pode influenciar na publicação de estudos favoráveis.[11]
[15]
[16] Nossos resultados mostraram que a indústria foi o patrocinador da pesquisa em 26,1%
dos casos, mas, em quase metade das pesquisas, não foi possível classificar o financiador.
Uma revisão de 886 artigos descreveu que 246 (27,7%) projetos de pesquisa foram patrocinados
pela indústria.[11] Printz et al[16] realizaram uma revisão crítica com 48 estudos sobre injeções de ácido hialurônico
para osteoartrite do joelho, e descobriram que 35% das publicações foram financiadas
pelo setor industrial.
Noordin et al[15] constataram que os estudos patrocinados pela indústria tinham uma maior probabilidade
de relatar resultados favoráveis em relação aos estudos patrocinados por outras fontes.[15] Outros autores revisaram a relação do apoio financeiro com as conclusões positivas
na pesquisa sobre a coluna vertebral,[12] e mostraram que a RP era de 3,3 (IC95%: 2,0–5,5). Em nossa pesquisa, observou-se
que a RP ajustada foi de 0,26 (IC95%: 0,08–0,85) nas publicações não patrocinadas
pela indústria. Torna-se difícil comparar os resultados, considerando quantos casos
do nosso ensaio foram classificados como “não identificáveis”.
Nossos resultados também mostram os artigos sem a devida declaração de apoio financeiro
à pesquisa. Outros autores corroboraram esses dados, com 41,3% dos artigos sem informações
relacionadas ao respaldo financeiro.[17] Portanto, acreditamos que a frequência dos artigos patrocinados pelas indústrias
do setor de saúde não pode ser determinada com exatidão por meio da metodologia utilizada.
Ainda que a indústria, o profissional e o paciente tenham muitos interesses em comum,
também pode haver interesses conflitantes reais ou potenciais.[18] Um estudo[19] analisou a divulgação de conflito de interesses entre ortopedistas em uma reunião
da American Academy of Orthopaedic Surgeons,[19] em que 20,7% dos profissionais não revelaram seus pagamentos diretamente relacionados.
Dessa forma, observou-se que as políticas relativas a conflito de interesses e sua
divulgação estão em constante fluxo, e que talvez seja necessário esclarecimentos
adicionais às pessoas sobre as demandas de divulgação.[11]
O desafio é identificar e gerenciar o conflito, e, por conseguinte, vem a obrigação
dos autores de divulgá-lo.[20] Por outro lado, em nossa análise, corroborada por outros autores, muitos periódicos
não exigem obrigatoriamente a declaração de conflitos de interesses.[11]
Nosso trabalho mostrou a presença de mais artigos com nível de evidência IV. Pinski
et al[21] avaliaram o nível de evidência nas pesquisas sobre o tratamento cirúrgico das lesões
osteocondrais, e demonstraram que 90% dos artigos tinham nível IV de evidência. Cunningham
et al[22] mostraram que as publicações dos níveis I e II, tanto quanto as dos níveis III e
IV, aumentaram significativamente entre os anos de 2000 e 2010. Apesar disso, a proporção
de estudos de nível IV sempre foi maior durante os 10 anos de análise.
Amiri et al[12] mostraram que, entre os resultados positivos (80% dos casos), foram considerados
85% dos artigos de nível IV e 63% dos artigos de nível I.[12] Por outro lado, entre os resultados desfavoráveis, 14% dos estudos de nível I e
6% dos estudos de nível IV puderam ser observados. Esses achados mostraram uma relação
linear significativa: quanto maior o nível de evidência, menor a frequência de estudos
favoráveis.[23]
Conclusão
Portanto, nosso artigo mostrou que, em geral, resultados positivos são mais frequentes
em publicações sobre terapia com PRP em DOMs. A maioria dos artigos não era afiliada
academicamente, não declarou apoio financeiro à pesquisa, e tinha nível de evidência
IV. Observamos que os estudos patrocinados pelo setor industrial tinham mais probabilidade
de apresentar resultados positivos, além de artigos com menor qualidade de evidência.
É crucial avaliar de forma crítica cada artigo científico, e não confiar cegamente
nas conclusões de seus autores, além de estar ciente do possível conflito de interesses
por parte dos autores que pesquisam essa área.