Caro Editor,
Em primeiro lugar, gostaríamos de parabenizar os autores do artigo intitulado “Avaliação radiográfica do alinhamento pós-operatório na artroplastia total de joelho”[1] pelo interessante artigo. Além disso, gostaríamos também de fazer alguns comentários a respeito da metodologia empregada na pesquisa.
Acreditamos que a realização das radiografias ortostáticas no pós-operatório imediato, ainda durante a internação hospitalar, pode ter comprometido a qualidade do exame de imagem, tendo em vista que a intensidade de dor e edema comuns ao pós-operatório imediato muitas vezes limita a extensão total do joelho, principalmente durante o ortostatismo.
A atitude em flexo e rotação externa do membro operado podem ter sido um viés em relação ao correto posicionamento do paciente e à obtenção das imagens. A realização de radiografia no pós-operatório imediato não tem se mostrado benéfica,[2] e acreditamos, assim como Abu-Rajab et al.,[3] que a avaliação radiográfica deveria ter sido realizada em um pós-operatório mais tardio, em torno de seis semanas.
Outro ponto metodológico que julgamos inapropriado foi tentar inferir a localização da cabeça do fêmur e do centro do tornozelo na radiografia curta. Na radiografia curta, o único eixo reprodutível a ser traçado é o anatômico do fêmur e da tíbia (tibiofemoral),[4] que é um bom preditor do alinhamento em longo prazo após uma artroplastial total de joelho.[4]
Concluímos que, metodologicamente, as radiografias panorâmicas deveriam ter sido realizadas em um pós-operatório mais tardio, para evitar um viés de posicionamento, e que uma comparação de análises de radiografias longas e curtas só poderia ser feita levando-se em consideração o eixo anatômico tibiofemoral. Tentar inferir o eixo mecânico em uma radiografia curta causa um viés de inferência quanto à localização da cabeça do fêmur e do centro do tornozelo.