CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2023; 58(03): 361-367
DOI: 10.1055/s-0043-1770149
Artigo de Atualização
Oncologia

Mieloma Múltiplo (Parte 1) – Atualização Sobre Epidemiologia, Critérios Diagnósticos, Tratamento Sistêmico e Prognóstico

Article in several languages: português | English
1   Grupo de Oncologia Ortopédica, Hospital Santa Izabel, Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Salvador, BA, Brasil
2   Serviço de Trauma Ortopédico, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
3   Departamento do Aparelho Locomotor, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
4   Hospital de Clínicas de Porto Alegre (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil
,
5   Departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil
› Author Affiliations
Suporte Financeiro Não houve financiamento.
 

Resumo

O mieloma múltiplo (MM) constitui neoplasia maligna de origem hematológica caracterizada pela proliferação desregulada e clonal de plasmócitos na medula óssea; estas células produzem e secretam imunoglobulina monoclonal anômala, ou um fragmento desta, denominado proteína M. As manifestações clínicas do MM decorrem da proliferação destes plasmócitos, da produção excessiva de imunoglobulina monoclonal e da supressão da imunidade humoral normal, levando à hipercalcemia, destruição óssea, insuficiência renal, supressão da hematopoiese e da imunidade humoral, aumentando o risco para o desenvolvimento de infecções. O aumento na expectativa de vida da população mundial levou a concomitante incremento na prevalência do MM, patologia que habitualmente acomete a população idosa. O objetivo desta revisão é atualizar o leitor sobre a epidemiologia, critérios diagnósticos, diagnóstico diferencial com outras gamopatias monoclonais, tratamento sistêmico e prognóstico do MM.


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Introdução

Plasmócitos normais se originam na medula óssea e constituem parte importante do sistema imunológico, especialmente por produzirem anticorpos que auxiliam no combate a infecções e outras doenças.[1] [2] [3]

O mieloma múltiplo (MM), também denominado doença de Kähler, mielomatose, e mieloma plasmocitário[1] constitui neoplasia maligna de origem hematológica caracterizada pela proliferação desregulada e clonal de plasmócitos na medula óssea.[1] [2] [4] [5] [6] [7] [8] Estas células produzem e secretam imunoglobulina monoclonal anômala, ou um fragmento desta, denominado proteína M,[1] [3] [6] [7] [8] [9] [10] que compreende uma classe de cadeia pesada [(imunoglobulina G (IgG) γ, imunoglobulina A (IgA) α, imunoglobulina M (IgM) μ, imunoglobulina D (IgD) δ, ou imunoglobulina E (IgE) ε] e outra de cadeia leve (kappa-κ e lambda-λ).[9]

O MM foi descrito pela primeira vez na literatura por William Macintyre (1850), que reconheceu proteinúria em amostras obtidas de um paciente que apresentava dores excruciantes no tórax e na região toracolombar por cerca de um ano.[9] [11] Estas amostras foram enviadas previamente (1848) a Henry Bence Jones, reconhecido patologista químico, que as analisou em detalhes, confirmando a descoberta.[9] [11] A doença, no entanto, não foi reconhecida até 1889, quando Otto Kähler publicou o seguimento de oito anos (1879-1887) de paciente de 46 anos que apresentava achados típicos desta patologia (dor óssea, albuminúria, anemia, cifose grave, infecções brônquicas recorrentes e perda de altura) - Kähler reconheceu que a proteína identificada na urina do paciente tinha as mesmas características descritas por Bence Jones.[11]

As manifestações clínicas do MM decorrem da proliferação de plasmócitos neoplásicos, da produção excessiva de imunoglobulina monoclonal e da supressão da imunidade humoral normal.[1] [9] [10] As consequências fisiopatológicas do avanço da doença incluem: hipercalcemia,[5] [12] destruição óssea ([Figs. 1] e [2]),[1] [4] [5] [9] [10] [12] insuficiência renal,[4] [12] supressão da hematopoiese[4] [10] [12] e da imunidade humoral,[9] aumentando o risco para o desenvolvimento de infecções.[4] [9] [10] [12] Aproximadamente 1 a 2% dos pacientes apresentam doença extramedular ao diagnóstico, enquanto 8% desenvolvem esta condição no curso da doença.[12]

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Fig. 1 (A–E) Principais localizações anatômicas do MM. (A) crânio; (B) arcos costais; (C) fêmur; e, (D, E) coluna.
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Fig. 2 (A, B) Paciente feminina, 68 anos, negra, portadora de MM, apresentando lesão óssea no segmento proximal do úmero esquerdo.

O aumento na expectativa de vida da população mundial levou a concomitante incremento na prevalência do mieloma múltiplo, patologia que habitualmente acomete a população idosa.

O objetivo desta revisão é atualizar o leitor sobre a epidemiologia, critérios diagnósticos, diagnóstico diferencial com outras gamopatias monoclonais, tratamento sistêmico e prognóstico do MM.


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Epidemiologia

O MM corresponde a 1% de todas as neoplasias malignas.[3] [4] [9] [12] Sua incidência aumenta com a idade e atinge o máximo durante a sétima década de vida.[9] Constitui a segunda neoplasia maligna de origem hematológica em ordem de frequência (inferior apenas aos linfomas),[4] [10] correspondendo a aproximadamente 10% do total de casos,[2] [10] [12] sendo, também, o tumor ósseo maligno primário mais comum (47%).[13] Nos Estados Unidos, com base nos dados obtidos entre os anos de 2017 e 2019, foi estimado que aproximadamente 0,8% dos homens e mulheres terão o diagnóstico de MM em algum momento da vida.[14]

O MM é mais frequentemente diagnosticado entre pessoas de 65 a 74 anos[14]; pouquíssimos casos ocorrem em indivíduos com idade inferior a 40 anos.[3] Nos Estados Unidos, segundo dados obtidos entre os anos de 2015 e 2019, a mediana de idade dos pacientes ao diagnóstico foi de 69 anos. É pouco mais comum em homens do que em mulheres e duas vezes mais frequente em afrodescendentes, quando comparados aos caucasianos,[3] [4] [9] [10] [11] [12] sendo menos frequente nas populações asiáticas[10] - estudos realizados no Brasil, entretanto, apontam para maior prevalência no sexo feminino e em indivíduos da raça branca.[4] [15]

Nos Estados Unidos, a incidência anual de MM foi de 7,1 por 100.000 homens e mulheres entre os anos de 2015 e 2019[14] - todos os anos, mais de 32.000 novos casos são diagnosticados,[12] sendo estimados 34.470 casos em 2022 - em 2019, haviam 159.787 portadores de MM naquele país.[14] Entre os anos de 2015 e 2019 o percentual de mortes por MM foi maior entre as pessoas de 75 a 84 anos (mediana de 75 anos); a taxa anual de mortalidade foi de 3,2 por 100.000 homens e mulheres – quase 13.000 pacientes vêm a óbito anualmente por conta esta doença,[12] com estimativa para 12.640 mortes em 2022, número que corresponde a 2,1% de todas as mortes relacionadas ao câncer estimadas para o corrente ano, naquela nação.[14]


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Critérios Diagnósticos

Na suspeita de MM, deve ser feita pesquisa de presença de proteína M mediante exames laboratoriais como eletroforese de proteínas, imunofixação e pesquisa de cadeias leves livres (free light chains, FLC) séricas.[5] Aproximadamente 2% dos pacientes apresentam doença não secretiva e, portanto, evidências de proteína M podem ser indetectáveis nestes exames.[12]

Os estudos de medula óssea realizados no momento do diagnóstico inicial devem incluir hibridização fluorescente in situ (fluorescent hibridization in situ, FISH) com o objetivo de detectar possíveis trissomias t(11;14), t(4;14), t(14;16), t(6;14), t(14;20), e del(17p). Pode ser utilizada cariotipagem convencional para detectar hipodiploidia e deleção 13, porém, se os estudos FISH são realizados, o seu valor adicional na estratificação inicial do risco é limitado. O perfil de expressão genética (genetic expression profile, GEP), se disponível, pode fornecer valor prognóstico adicional.[12]

O diagnóstico requer ≥10% de plasmócitos clonais na medula óssea ou uma biópsia comprovando plasmocitoma associada a evidência de um ou mais eventos definidores de MM (multiple myeloma defining events, MDE): CRAB (hipercalcemia, disfunção renal, anemia e/ou lesões ósseas líticas), características relacionadas à desordem celular plasmática, bem como três biomarcadores específicos: plasmocitose clonal na medula óssea ≥60%, proporção de FLC envolvidas/não envolvidas ≥100 (desde que as FLC envolvidas sejam ≥100 mg/L), ou >1 lesão focal detectada na ressonância magnética (RM).[12]

Os critérios revisados (2015) pelo International Myeloma Working Group (IMWG) para o diagnóstico do MM e desordens relacionadas (gamopatias monoclonais) são demonstrados na [Tabela 1].

Tabela 1

Desordem

Definição da Doença

Gamopatia monoclonal de significância indeterminada (Não-IgM MGUS)

Todos os 3 critérios devem ser encontrados:

• Proteína sérica monoclonal (Não-IgM) <3 g/dl;

• Plasmócitos clonais na medula óssea <10%;[a]

• Ausência de danos nos órgãos alvo, tais como hipercalcemia, insuficiência renal, anemia, ou lesões ósseas (CRAB) que possam ser atribuídos à desordem proliferativa de plasmócitos.

Mieloma Múltiplo Latente (SMM)

Ambos os critérios devem ser encontrados:

• Proteína sérica monoclonal (IgG ou IgA) ≥3 g/dl, ou proteína urinária monoclonal >500 mg em 24 horas e/ou 10%-60% de plasmócitos clonais na medula óssea;

• Ausência de eventos que definam mieloma ou amiloidose.

Mieloma Múltiplo (MM)

Ambos os critérios devem ser encontrados:

• Plasmócitos clonais na medula óssea <10% ou plasmocitoma ósseo ou extramedular comprovado mediante biópsia;

• Qualquer um ou mais de um dos eventos que definam mieloma:

  • Evidência de dano a órgão alvo que possa ser atribuída à desordem proliferativa de plasmócitos subjacente, especificamente:

  ➢ Hipercalcemia: cálcio sérico >0,25 mmol/l (>1 mg/dl) mais alto que o limite superior do normal ou >2,75 mmol/l (>11 mg/dl);

  ➢ Insuficiência renal: clearance de creatinina <40 ml por minuto ou creatinina sérica >177 mmol/l (>2 mg/dl);

  ➢ Anemia: valor da hemoglobina >2 g/dl abaixo do limite inferior ao normal, ou um valor de hemoglobina <10 g/dl;

  ➢ Lesões ósseas: uma ou mais lesões osteolíticas nas radiografias do esqueleto, tomografia computadorizada (TC), ou tomografia por emissão de pósitrons-CT (PET-CT).

 • Percentagem de plasmócitos clonais na medula óssea ≥60%;

• Razão de cadeia leve sérica (FLC) livre envolvida/não envolvida ≥100 (o nível de cadeia leve livre envolvida deve ser ≥100 mg/l);

 • >1 lesão focal nos estudos de ressonância magnética (RM) (pelo menos 5 mm de tamanho).

Gamopatia monoclonal de significância indeterminada IgM (IgM MGUS)

Todos os 3 critérios devem ser encontrados:

• Proteína sérica monoclonal IgM <3 g/dl;

• Infiltração linfoplasmocítica da medula óssea <10%

• Sem evidências de anemia, sintomas constitucionais, hiperviscosidade, linfadenopatia, ou hepatoesplenomegalia que possam ser atribuídas à desordem linfoproliferativa subjacente.

MGUS de Cadeia Leve

Todos os critérios devem ser encontrados:

• Proporção anormal de FLC (<0,26 ou >1,65);

• Aumento do nível de cadeia leve apropriada envolvida (FLC kappa aumentada em pacientes com proporção >1,65 e FLC lambda aumentada em pacientes com razão <0,26);

• Não há expressão de cadeia pesada de imunoglobulina na imunofixação;

• Ausência de danos nos órgãos alvo que possam ser atribuídos à desordem proliferativa de plasmócitos;

• Plasmócitos clonais na medula óssea <10%;

• Proteína urinária monoclonal <500 mg/24 horas.

Plasmocitoma Solitário

Todos os 4 critérios devem ser encontrados:

• Biópsia comprovando lesão solitária no osso ou nos tecidos moles, com evidência de plasmócitos clonais;

• Medula óssea normal, sem evidência de plasmócitos clonais;

• Investigação normal do esqueleto, RM (ou TC) da coluna e pelve (exceto pela lesão solitária primária);

• Ausência de danos nos órgãos alvo, tais como hipercalcemia, insuficiência renal, anemia, ou lesões ósseas (CRAB) que possam ser atribuídos à desordem proliferativa de linfoplasmócitos.

Plasmocitoma Solitário com Mínimo Envolvimento Medular[b]

Todos os 4 critérios devem ser encontrados:

• Biópsia comprovando lesão solitária no osso ou nos tecidos moles, com evidência de plasmócitos clonais;

• Plasmócitos clonais na medula óssea <10%;

• Investigação normal do esqueleto, RM (ou TC) da coluna e pelve (exceto pela lesão solitária primária);

• Ausência de danos nos órgãos alvo, tais como hipercalcemia, insuficiência renal, anemia, ou lesões ósseas (CRAB) que possam ser atribuídos à desordem proliferativa de linfoplasmócitos.


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Outras Gamopatias Monoclonais

Quase todos os portadores de MM evoluem a partir de estágio pré-maligno assintomático denominado gamopatia monoclonal de significância indeterminada (monoclonal gammopathy of undetermined significance, MGUS) ([Tabela 1]),[4] [6] [12] que constitui a gamopatia monoclonal mais comum,[16] presente em mais de 3% da população acima dos 50 anos,[10] [12] [16] e em mais de 5%, a partir dos 70 anos.[10] [16] É cerca de duas vezes mais prevalente em negros do que em brancos.[12] Aproximadamente 25% dos pacientes portadores de MGUS desenvolvem MM, amiloidose, macroglobulinemia ou outras doenças linfoproliferativas,[10] [16] com taxa atuarial de 16% até 10 anos, 33% até 20 anos e 45% até 25 anos.[16] A proteína M predominante é a IgG γ (55,5%), seguida da IgM μ (20%), IgA α (10%), biclonal (8%), cadeia leve (6%) e IgD δ (<0,5%)[11] [16] - a concentração da proteína M, o tipo de imunoglobulina, a infiltração plasmocitária medular maior que 5% e a presença de cadeia leve monoclonal na urina podem ser utilizados na estratificação de risco na MGUS.[10] [16] A MGUS progride para MM ou malignidade relacionada a uma taxa de 1% ao ano.[10] [12] [16] Como esta patologia é assintomática, acredita-se que >50% dos indivíduos diagnosticados já eram portadores desta condição mais de 10 anos antes do seu diagnóstico.[12] Suas variantes de apresentação, de acordo com os critérios diagnósticos ([Tabela 1]), são: não-IgM MGUS, IgM MGUS e MGUS de cadeia leve.

Em alguns pacientes, pode ocorrer estágio pré-maligno assintomático intermediário, mais avançado, conhecido como MM latente (smoldering multiple myeloma, SMM) ([Tabela 1] ).[6] [12] O SMM progride para MM a uma razão de aproximadamente 10% ao ano nos cinco primeiros anos após o diagnóstico, 3% ao ano pelos cinco anos seguintes e daí em diante, 1,5% ao ano. Esta razão de progressão é influenciada pelo perfil citogenético subjacente: pacientes com translocação t(4;14), deleção del(17p) e gain(1q) possuem maior risco de progressão de MGUS ou SMM para MM.[12]

O plasmocitoma solitário (PS) ([Tabela 1]) é um tipo incomum de discrasia plasmocitária,[17] [18] representando aproximadamente 2-5% de todas as gamopatias monoclonais.[17] [18] Caracteriza-se pela proliferação localizada de plasmócitos neoplásicos,[16] [17] [18] sem evidência de outras lesões esqueléticas aos exames de imagem, ausência de sinais e sintomas relacionados ao MM e biópsia de medula óssea morfologicamente normal (variante plasmocitoma solitário) ou com infiltração clonal plasmocitária muito baixa (<10%, variante plasmocitoma solitário com mínimo envolvimento medular) ([Tabela 1] ).[17] [18] O PS pode ser subdividido em duas entidades: PS ósseo e PS de tecidos moles (extramedular).[16] [17] [18] A incidência de PS ósseo é aproximadamente 40% maior que a de PS extramedular.[17] [18] O PS ósseo ocorre mais frequentemente no esqueleto axial,[16] [19] sendo duas vezes mais frequente na coluna vertebral do que em outros sítios, além de constituir o tumor primário maligno mais comum nesta localização (30% de todos os casos),[19] enquanto o PS extramedular é observado mais frequentemente na cabeça e pescoço.[16] [17] [18] [19] As variantes possuem curso clínico e prognóstico bem diferentes entre si, particularmente quanto à progressão para MM, sendo pior no PS ósseo.[17] A mediana de idade ao diagnóstico de PS (55-60 anos) é significativamente menor do que a observada em pacientes com MM; e a distribuição por gênero demonstra predomínio masculino, variando entre 1,2 a 2:1.[17] [19] O PS possui maior incidência na raça negra, sendo cerca de 30% mais frequente que na raça branca, e possui menor incidência na população asiática.[18]

A confirmação da presença da proteína monoclonal é essencial para diferenciar as gamopatias monoclonais das gamopatias policlonais, uma vez que as primeiras são entidades neoplásicas ou potencialmente neoplásicas enquanto as últimas resultam de processos inflamatórios ou infecciosos.[19]


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Tratamento Sistêmico

É importante entender que o MM é tratável, porém não curável. Os planos de tratamento variam e são feitos sob medida para cada indivíduo - parâmetros básicos, como a idade do paciente, o padrão de progressão da doença, o prognóstico, e a preferência do paciente devem ser aplicados neste planejamento.

O transplante autólogo de células-tronco (TACT) constitui a primeira opção de tratamento no MM. A partir da perspectiva do tratamento e prognóstico, os portadores de MM são estratificados em três grupos: (1) aqueles recentemente diagnosticados e elegíveis para TACT, (2) aqueles recentemente diagnosticados e não elegíveis para TACT, e (3) aqueles com MM recidivado e/ou refratário.[9]

Para os pacientes elegíveis para TACT, o primeiro passo no tratamento consiste na introdução de coquetel triplo incluindo quimioterápico, inibidor da proteassoma, e corticoide (e.g., bortezomib, lenalidomida, e dexametasona).[9] Os pacientes são tratados mediante três a quatro ciclos de terapia de indução antes da coleta das células-tronco.[12] As células-tronco são então coletadas através de acesso venoso central, e, na sequência, é iniciada quimioterapia em altas doses.[9] Os pacientes podem submeter-se imediatamente à TACT ou retomar à terapia de indução, retardando a TACT até a primeira recaída. Há muitas opções para a terapia inicial - esses regimes também podem ser utilizados no momento da recaída. Em geral, a dexametasona em doses baixas (40 mg, uma vez por semana) é preferido em todos os regimes de tratamento, por minimizar a toxicidade.[12]

Nos pacientes com MM recém-diagnosticado e inelegíveis para TACT devido à idade ou outras comorbidades, o plano de tratamento consiste em controlar os efeitos colaterais da MM e sua progressão o máximo possível.[9] Normalmente, o tratamento é realizado utilizando regime baseado na utilização de um agente quimioterápico, como a lenalidomida, que reduz a produção de proteínas monoclonais, especialmente nas recaídas, e o bortezomib[9] ou o daratumumab,[12] como terapia aditiva à dexametasona - esta ação combinada resulta em maior letalidade para os plasmócitos anômalos.[7] Embora os regimes à base de melfalan tenham sido extensivamente testados nesses pacientes, eles não são recomendados devido a preocupações referentes aos danos às células-tronco, síndrome mielodisplásica secundária e leucemia.[12]

Quase todos os portadores de MM passam por recaídas. A duração da remissão nestas recaídas diminui a cada regime. As medianas de progressão de sobrevida livre de doença e de sobrevida geral nos pacientes com MM recidivado, refratário à lenalidomida e bortezomib, eram baixas antes da introdução de daratumumab. A escolha do regime de tratamento em uma recaída é complicada e afetada por diversos fatores, incluindo tempo de recaída, resposta à terapia prévia, agressividade da recaída e performance status. Os pacientes elegíveis para TACT devem ser considerados para o procedimento se nunca o fizeram, ou se apresentaram duração de remissão excelente (36 meses ou mais) com manutenção do tratamento. Em termos de terapia medicamentosa, um regime tríplice, contendo pelo menos duas novas drogas às quais o paciente não seja refratário, deve ser considerado. Pacientes tratados previamente com lenalidomida muitas vezes têm recaídas quando se utiliza um regime contendo a mesma droga - em pacientes refratários ao tratamento com lenalidomida, uma opção é considerar regimes à base de pomalidomida.[12]

Recentemente, foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) a primeira imunoterapia chimeric antigen receptor (CAR) T-cell (células T) para MM.  Trata-se do idecabtagene vicleucel (Abecma) indicado para portadores de MM refratário ou recidivado após pelo menos quatro tipos diferentes de tratamento. O Abecma possui como alvo o B-cell maturation antigen (BCMA) presente na superfície das células neoplásicas. As células T do sistema imunológico são coletadas, geneticamente modificadas, multiplicadas e reinfundidas no paciente, onde se ligam ao BCMA, levando à morte das células tumorais por apoptose. A principal vantagem para o paciente é a infusão única, que requer, no máximo, duas semanas de internação; além disso, as células T modificadas podem persistir no organismo do paciente por longo período, reconhecendo e atacando as células neoplásicas se e quando houver recaídas.


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Prognóstico

A sobrevida geral no MM, afetada por características do portador da patologia, carga tumoral, presença de anormalidades citogenéticas e resposta à terapia, melhorou significativamente nos últimos 15 anos. O impacto inicial veio da introdução da talidomida, bortezomib e lenalidomida. Na última década, carfilzomib, pomalidomida, panobinostat, ixazomib, elotuzumab, daratumumab, isatuximab e selinexor foram aprovados para o tratamento das recaídas, prometendo melhorar ainda mais os resultados.[12]

A idade dos pacientes portadores de MM constitui fator importante na classificação prognóstica. Pacientes acima de 65 anos possuem taxa de sobrevida muito baixa quando comparados a pacientes mais jovens.[10] Achados semelhantes são observados nos portadores de PS com idade acima dos 60 anos.[18]

A carga tumoral no MM tem sido tradicionalmente avaliada utilizando o Durie-Salmon Staging (DSS) e o International Staging System (ISS).[12]

O comportamento biológico da doença guarda relação com o subtipo molecular do MM e a presença ou ausência de anormalidades citogenéticas secundárias, como del(17p), gain(1q), ou del(1p). Além dos fatores de risco citogenéticos, dois outros marcadores associados à agressividade da doença são a desidrogenase lática elevada, e a presença de plasmócitos circulantes detectados em esfregaços de sangue periférico (leucemia plasmocitária). Cada um dos biomarcadores utilizados no diagnóstico do MM (plasmocitose clonal na medula óssea ≥60%, proporção de FLC envolvidas/não envolvidas ≥100, ou >1 lesão focal detectada na RM) está associado a um risco de aproximadamente 80% para progressão de danos sintomáticos em órgãos-alvo - a atenção a estes critérios permite o diagnóstico precoce e o início da terapia antes que ocorram estes danos.[12]

Alguns achados nos exames laboratoriais realizados rotineiramente em portadores de MM permitem indicar doença mais ativa: níveis altos de ß2 microblobulina, níveis baixos de albumina sérica, creatinina sérica acima do normal, desidrogenase lática acima do normal, proteína C reativa acima do normal, hemoglobina abaixo do normal e contagem de plaquetas abaixo do normal. Outros exames especiais como o índice de marcação das células plasmáticas (plasma cell labeling index, PCLI) indicando alta percentagem de plasmócitos, iFISH (interphase fluorescence in situ hybridization, teste citogenético) demonstrando ausência do cromossomo 13 e/ou outras anormalidades citogenéticas e a avaliação da densidade microvascular (microvascular density, MVD) da medula óssea demonstrando crescimento de novos vasos sanguíneos na medula óssea, também sugerem doença mais ativa.

A sobrevida pode variar de alguns meses até mais de uma década.[10] Nos Estados Unidos, a taxa de sobrevida relativa em cinco anos foi de 57,9% entre os anos de 2012 e 2018.[14] Segundo a American Cancer Society,[2] seguindo o sistema de estadiamento revisado para MM (2015) pelo International Myeloma Working Group (IMWG)[20] [21] ([Tabela 2]), a sobrevida no estágio I não foi determinada; no estágio II foi de 83 meses; e, no estágio III, foi de 43 meses.

Tabela 2

Determinação do estágio ISS do paciente

Estágio ISS

Critérios

I

β2-microglobulina sérica <3.5 mg/l

Albumina sérica ≥3.5 g/dl

II

Não ISS I ou ISS III

β2-microglobulina sérica ≥3.5 mg/l, porém <5.5 mg/l

ou

Albumina sérica <3.5 g/dl

III

β2-microglobulina sérica ≥5.5 mg/l

Determinação do risco, de acordo com as anormalidades cromossômicas detectadas pelo iFISH.

Risco

Critérios

Rico Padrão

Anormalidades cromossômicas sem alto risco

Alto Risco

Presença de del(17p), e/ou translocação t(4;14), e/ou translocação t(14,16)

Determinação do risco, de acordo com o nível de desidrogenase lática (DHL)

Risco

Critérios

Risco Padrão

DHL sérica normal, < que o limite superior ao normal como definido pelo laboratório

Alto Risco

DHL sérica alta > que o limite superior ao normal como definido pelo laboratório

Identificação do estágio R-ISS do paciente, de acordo com os critérios determinados acima

Estágio R-ISS

Critérios

I

ISS estágio I e risco padrão para anormalidades cromossômicas pelo iFISH e DHL normal

II

Não R-ISS I ou R-ISS III

III

ISS estágio III e/ou alto risco para anormalidades cromossômicas pelo iFISH ou DHL alta


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Considerações Finais

O mieloma múltiplo (MM) constitui neoplasia de células plasmocitárias caracterizada por proliferação clonal anormal de plasmócitos na medula óssea, com produção de imunoglobulinas monoclonais, associadas a disfunções orgânicas. Representa 1% de todas as neoplasias malignas, e costuma afetar a população idosa, em torno dos 70 anos. A sobrevida geral no MM é afetada por características do portador da patologia (sobretudo idade, pior >65 anos), carga tumoral, presença de anormalidades citogenéticas e resposta à terapia, que melhorou significativamente nos últimos 15 anos. A adequada compreensão sobre os critérios diagnósticos e o tratamento adequado a cada paciente portador de MM é muito importante para obtenção do máximo controle possível sobre os efeitos colaterais da doença e sua progressão.


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Conflito de Interesses

Os autores declaram não haver conflitos de interesses.

  • Referências

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Endereço para correspondência

Alex Guedes
Rua Marechal Floriano 212/401, Canela, 40.110-010, Salvador, BA
Brasil   

Publication History

Received: 09 August 2022

Accepted: 12 December 2022

Article published online:
29 June 2023

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Fig. 1 (A–E) Principais localizações anatômicas do MM. (A) crânio; (B) arcos costais; (C) fêmur; e, (D, E) coluna.
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Fig. 2 (A, B) Paciente feminina, 68 anos, negra, portadora de MM, apresentando lesão óssea no segmento proximal do úmero esquerdo.
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Fig. 1 (A–E) Main anatomical locations of MM. (A) skull; (B) costal arches; (C) femur; and (D, E) spine.
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Fig. 2 (A, B) Female patient, 68 years old, afro-descendant, with MM, presenting bone lesion in the proximal segment of the left humerus.