CC BY 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2024; 59(03): e420-e428
DOI: 10.1055/s-0044-1786349
Artigo Original
Medicina do Esporte

Prevalência de dor musculoesquelética em golfistas amadores do estado de São Paulo: Um estudo transversal

Article in several languages: português | English
1   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
,
1   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
,
1   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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1   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
› Author Affiliations
Suporte Financeiro Os autores declaram que não receberam financiamento de agências dos setores público, privado ou sem fins lucrativos para a realização deste estudo.
 

Resumo

Objetivo Verificar a prevalência de dores musculoesqueléticas em golfistas amadores do estado de São Paulo.

Métodos Este é um estudo transversal realizado de setembro de 2019 a março de 2020 em clubes de golfe afiliados à Federação Paulista de Golfe. Jogadores federados foram avaliados quanto a dados da prática de golfe e da rotina esportiva por um investigador principal, por meio de um formulário de avaliação com questões de múltipla escolha, para a determinação das características da amostra e da intensidade da dor recente pela Escala Visual Analógica (EVA).

Resultados Cerca de 359 golfistas amadores foram analisados. A prevalência de dor foi de 55,15% (intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 50,0% a 60,3%); a intensidade média da dor segundo a EVA foi moderada (média ± desvio padrão: 5,21 ± 2,04; razão de probabilidades [odds ratio, OR, em inglês]: 47,98%). A faixa etária dos golfistas esteve significativamente associada à presença de dor (p < 0,05). A maior estimativa de prevalência de dor foi de 68,80% na faixa etária de 30 a 39 anos (OR: 7,33; IC95%: 2,26 a 23,85; p = 0,0009). Os segmentos mais acometidos por dor foram os membros superiores (65,66%), seguidos da coluna (59,09%) e dos membros inferiores (32,83%).

Conclusão Há uma alta taxa de prevalência de dor em golfistas amadores brasileiros, especialmente em jogadores mais jovens, na faixa etária de 30 a 39 anos.


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Introdução

O golfe é um dos esportes mais populares,[1] com 66 milhões de jogadores em todo o mundo. Desde 2016, o número de jogadores aumentou em mais de 5,5 milhões.[2]

Como qualquer outro esporte, o golfe também pode causar lesões musculoesqueléticas e, consequentemente, dores musculoesqueléticas. Em uma revisão sistemática de 2009,[3] os autores relataram que a prevalência de lesões em golfistas amadores variou de 17% a 62%. Essas lesões ocorreram ao longo da vida competitiva dos golfistas; no entanto, pode ter havido um viés de memória (quando os participantes não se lembravam com precisão dos eventos).[4]

Além disso, estudos sobre prevalência de lesões apresentaram outros vieses significativos, como a falta de menção ao cálculo amostral, aos critérios de inclusão e exclusão e à definição adotada de lesão no esporte.[5]

O Brasil tem cerca de vinte mil praticantes de golfe, e dados recentes sobre a prevalência da dor no país não são conhecidos. Para responder à questão clínica sobre a prevalência de dor na prática recente de golfe, é necessário conduzir um estudo observacional com qualidade metodológica.[6] [7] Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de dor musculoesquelética em golfistas amadores do estado de São Paulo.


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Métodos

Delineamento Experimental

Este foi um estudo observacional, transversal, realizado de acordo com a declaração Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE).[8]


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Comitê de Ética

Este estudo foi realizado em participantes humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa institucional sob número CAAE 14666619.4.0000.5505. Os indivíduos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para a participação no estudo, que foi realizado de acordo com a Declaração de Helsinque.


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Local do Estudo

O estudo foi realizado em 14 clubes de golfe do estado de São Paulo afiliados à Federação Paulista de Golfe.


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Critérios de Elegibilidade

Os critérios de inclusão foram golfistas amadores brasileiros, filiados à Federação Paulista de Golfe havia mais de 1 ano, de qualquer sexo e maiores de 18 anos. Foram excluídos os jogadores que realizaram tratamento médico ou fisioterapêutico por cirurgia ortopédica ou fratura óssea no último ano, e aqueles que se recusaram a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.


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Desfechos

O desfecho primário foi a prevalência de dor musculoesquelética nos últimos seis meses.


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Procedimento

Um formulário de avaliação com trinta questões foi preparado. Responder ao questionário completo levava em média cinco minutos, e as questões abordavam dados demográficos, dados sobre a presença de dor durante a prática de golfe nos últimos 6 meses segundo a escala visual análoga (EVA),[10] um diagrama corporal dos sítios da dor,[11] a duração da dor, o momento de aparecimento da dor, se a dor afetava o swing, o tempo afastado do golfe devido à dor e dados sobre o esporte.

Considerando que a dor é percebida em determinada região do corpo, se origina em ossos, músculos, ligamentos ou tendões e pode ser aguda ou crônica,[12] o conceito de dor utilizado neste estudo foi a dor sentida durante ou após um treino ou uma partida de golfe, independentemente do tempo de folga, da duração da dor e da necessidade de atenção médica.

De setembro de 2019 a março de 2020, um dos pesquisadores administrou pessoalmente o formulário de avaliação. Os golfistas foram abordados uma vez após o jogo. O pesquisador explicou o estudo, o questionário, os critérios de seleção e a garantia de proteção e confidencialidade dos dados aos jogadores. Depois de aplicados os critérios de elegibilidade, os golfistas que aceitaram participar da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.


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Série de Casos

Os participantes foram selecionados por conveniência, e o tamanho da amostra foi determinado com base no número total de golfistas filiados (4 mil jogadores) à Federação Paulista de Golfe em 2019. Para a determinação do tamanho da amostra (representativa desta população), foram utilizados os seguintes valores: 50% de frequência esperada de dor, intervalo de confiança de 95% (IC95%) e erro amostral de 5%. Segundo esses valores, o tamanho da amostra foi estabelecido como 350 jogadores de golfe amadores.[13]


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Análise Estatística

Os dados foram tabulados em planilha Microsoft Excel 365 (Microsoft Corp., Redmond, WA, Estados Unidos), e as análises foram realizadas no programa estatístico R (R Foundation for Statistical Computing, Viena, Áustria). Inicialmente, foi realizada uma análise descritiva de todas as variáveis. As variáveis categóricas/qualitativas foram expressas como frequências absolutas e relativas, e as variáveis quantitativas, como valores de média, desvio padrão, mediana, mínimos e máximos, e percentuais. Com base na análise do modelo de regressão, foram estimadas as razões de probabilidades (odds ratio, OR, em inglês) com os respectivos IC95%. As variáveis categóricas foram submetidas aos testes do Qui-quadrado e exato de Fisher. O nível de significância de 5% foi considerado em todas as análises.


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Resultados

No total, 415 jogadores foram abordados. Porém, com base nos critérios de elegibilidade, 56 jogadores foram excluídos do estudo, como mostra a[ Fig. 1].

Zoom Image
Fig. 1 Diagrama de elegibilidade.

Assim, foram entrevistados 359 golfistas amadores; suas características gerais são apresentadas na[ Tabela 1].

Tabela 1

Variáveis numéricas

Média(± desvio padrão)

Mediana (valor mínimo; valor máximo)

Idade (anos)

53,91(± 12,26)

55,00 (21,00; 86,00)

Índice de massa corporal (kg/m2)

26,66(± 03,61)

26,45 (17,97; 50,71)

Anos de prática de golfe

15,04(± 11,77)

12,00 (01,00; 65,00)

Nível de habilidade/handicap

18,88(± 07,68)

18,00 (00,00; 40,00)

Torneios por ano

08,06(± 07,77)

6,00 (00,00; 50,00)

Partidas por semana

02,10(± 00,95)

2,00 (01,00; 06,00)

Variáveis categóricas

Categoria

n (%)

Sexo

Masculino

311 (86,60%)

Feminino

48 (13,40%)

Dominância

Direita

338 (94,20%)

Esquerda

21 (05,80%)

Faixa etária (anos)

20–29

11 (03,1%)

30–39

32 (09,1%)

40–49

83 (23,5%)

50–59

113 (32,0%)

60–69

26 (07,4%)

≥ 70

Índice de massa corporal (kg/m2)

18,50–24,99

117 (32,6%)

25,00–40,00

242 (67,4%)

Visitas semanais ao campo de golfe

1–2 vezes

264 (73,50%)

3–4 vezes

87 (24,20%)

5–6 vezes

8 (02,20%)

Tempo de treinamento em drive range porsemana (minutos)

0–30

199 (55,40%)

31–59

81 (22,60%)

≥ 60

79 (22,00%)

Tempo de treinamento em putting green por semana (minutos)

0–30”

269 (74,90%)

31–59

70 (19,50%)

≥ 60

20 (05,60%)

Número de bolas no treinamento em drive range

0–60 bolas

241 (67,10%)

61–120 bolas

94 (26,20%)

≥ 121 bolas

24 (06,70%)

Condicionamento físico específico para o golfe

Sim

105 (29,20%)

Não

254 (70,80%)

Outros esportes

Sim

147 (40,90%)

Não

212 (59,10%)

Aquecimento

Sim

220 (61,30%)

Não

139 (38,70%)

Alongamento

Sim

68 (18,90%)

Não

291 (81,10%)

Método para carregar a sacola de golfe*

Carrinho ou carro elétrico

126 (35,10%)

Caddy

117 (32,60%)

Carrinho de tração manual

111 (30,90%)

Sobre o ombro

15 (04,20%)

Como mostra a [Tabela 1], cerca de 87% dos participantes incluídos eram homens, 13% eram mulheres e 94% dos jogadores eram destros. A média de idade dos participantes foi de 54 ± 12 anos, com maior número de participantes na faixa etária de 50 a 59 anos (32%). Os dados analisados indicaram um índice de massa corporal (IMC) médio de 27 ± 4 kg/m2, com 67,4% dos jogadores com sobrepeso ou obesidade.

O número médio de anos de experiência no golfe foi de 15 ± 12, e o nível médio de habilidade/handicap foi de 19 ± 8. Em relação ao tempo de treinamento por semana, 75% dos golfistas incluídos treinavam ≤ 30 minutos no putting green, 55% treinavam por 30 minutos no drive range, e 67% usavam de 0 a 60 bolas no treinamento no drive range.

De modo geral, 29% dos golfistas praticavam condicionamento físico específico para o golfe, 61% realizavam exercícios de aquecimento, 19% relataram realizar exercícios de alongamento, e 40,9% praticavam outros esportes além do golfe, em especial natação, tênis e corrida.

A [Tabela 2] mostra que a prevalência de dor nos últimos 6 meses foi de 55,15% (IC95%: 50,0% a 60,3%; n = 198) entre os golfistas amadores.

Tabela 2

Variáveis numéricas

Média ± desvio-padrão

Mediana (valor mínimo; valor máximo)

Intensidade da dor

5,21 ± 2,04

5 (1; 10)

Variáveis categóricas

Categoria

n (%)

Presença de dor

Sim

198 (55,15%)

IC95%: 50,0–60,3%

Sexo

Masculino

168 (84,80%)

Feminino

30 (15,00%)

Intensidade de dor (Escala Visual analógica)

1–3,99

56 (28,28%)

4–6,99

95 (47,98%)

7–9,99

42 (21,21%)

10

05 (02,53%)

Segmento com dor*

Membros superiores

130 (65,66%)

Coluna

117 (59,09%)

Membros inferiores

65 (32,83%)

Sítio de dor*

Lombar

96 (48,48%)

Ombro

59 (29,80%)

Cotovelo

53 (26,77%)

Joelho

26 (13,13%)

Quadril

19 (09,60%)

Dorsal

15 (07,58%)

Mão

12 (06,06%)

Momento de aparecimento da dor*

Jogando golfe

74 (37,37%)

Após o jogo

67 (33,83%)

Desconhecido

37 (18,68%)

Treinando golfe

25 (12,63%)

Após o treinamento

11 (5,56%)

Fase do swing*

Aceleração + impacto

68 (34,34%)

Follow-through

60 (30,30%)

Backswing

42 (21,21%)

Sem dor durante estes gestos

54 (27,27%)

Duração da dor

< 1 semana

73 (36,9%)

8–30 dias

37 (18,7%)

31–60 dias

18 (09,1%)

61–90 dias

29 (14,6%)

> 90 dias

41 (20,7%)

Dor no momento da entrevista

Não

122 (61,61%)

Sim

76 (38,39%)

Os segmentos mais acometidos por dor nos últimos 6 meses foram os membros superiores (65,66%), seguidos da coluna (59,09%) e dos membros inferiores (32,83%). Porém, quanto ao sítio da dor, o mais acometido foi a coluna lombar (48,48%), seguida do ombro (29,80%) e do cotovelo (26,77%). Como os jogadores tinham a opção de selecionar vários segmentos, a frequência total dos dados foi superior a 100%.

Quando os participantes foram questionados sobre a intensidade da dor por meio da EVA, a categoria de intensidade entre 4 e 6,99 pontos (dor moderada) foi considerada a mais frequente (48%); a intensidade média da dor foi de 5,2 pontos. A duração da dor foi inferior a 1 semana em 36,9% dos participantes. Dos participantes que sentiram dor, 50% relataram seu aparecimento durante o treino ou jogo de golfe.

A [Tabela 3] mostra as consequências da dor em golfistas; 65,6% dos entrevistados não precisaram interromper o treino ou o jogo de golfe por causa da dor.

Tabela 3

Variáveis

Categoria

n (%)

Cuidados de saúde

Sim

Não

97 (49%)

101 (51%)

Fisioterapia

Sim

Não

106 (54%)

92 (46%)

Tempo sem treinar ou jogar golfe

< 1 semana

21 (10,6%)

8–30 dias

31 (15,7%)

31–90 dias

5 (02,5%)

> 90 dias

Sem interrupção

11 (05,6%)

130 (65,6%)

Alteração biomecânica do swing

Sim

106 (53,54%)

Não

92 (46,46%)

Como mostra a [Tabela 4], a faixa etária dos golfistas e o condicionamento físico específico para o golfe apresentaram associação significativa com a presença de dor (p < 0,05). Golfistas entre 30 e 39 anos de idade tiveram 7,34 (IC95%: 2,24 a 24,06) vezes mais chances de sentir dor relacionada ao golfe nos últimos 6 meses do que aqueles com idade ≥ 70 anos (p < 0,05).

Tabela 4

Variável

Categoria

n (%)

Dor

OR (IC95%)

Valor de p

Ausente: n (%)

Presente:

n (%)*

Idade (anos)

20–29

11 (3,06%)

6 (54,6%)

05 (45,4%)

2,90 (0,64–13,12)

0,1656

30–39

32 (8,91%)

10 (31,2%)

22 (68,8%)

7,34 (2,24–24,06)

0,0010**

40–49

83 (23,1%)

34 (41,0%)

49 (59,0%)

4,86 (1,75–13,45)

0,0024**

50–59

113 (31,4%)

41 (36,3%)

72 (63,7%)

5,68 (2,10–15,40)

0,0006**

60–69

88 (24,5%)

45 (51,1%)

43 (48,9%)

3,03 (1,10–08,34)

0,0314**

> 70

32 (8,91%)

25 (78,1%)

7 (21,9%)

Ref.

Índice de massa corporal (kg/m2)

18.50–24.99

117 (32,6%)

50 (42,7%)

67 (57,3%)

Ref.

25.00–40.00

242 (67,4%)

111 (45,9%)

131 (54,1%)

0,88 (0,56–1,37)

0,576

Experiência de golfe (anos)

≤ 12$

190 (52,9%)

77 (40,5%)

113 (59,5%)

1,45 (0,96–2,20)

0,0814

> 12

169 (47,1%)

84 (49,7%)

85 (50,3%)

Ref.

Duração do treinamento em putting green

≤ 30 minutos$

269 (74,9%)

116 (43,1%)

153 (56,9%)

Ref.

> 30 minutos

90 (25,1%)

45 (50,0%)

45 (50,0%)

0,76 (0,47–1,22)

0,2568

Duração do treinamento em drive range

≤ 30 minutos$

199 (55,4%)

93 (46,7%)

106 (53,3%)

Ref.

> 30 minutos

160 (44,6%)

68 (42,5%)

92 (57,5%)

1,19 (0,78–1,80)

0,4229

Incapacidade física (índice de handicap)

≤ 18$

189 (52,6%)

81 (42,9%)

108 (57,1%)

1,18 (0,78–1,80)

0,4243

> 18

170 (47,4%)

80 (47,1%)

90 (52,9%)

Ref.

Método para carregar a sacola de golfe

Carrinho de golfe

Não

233 (64,9%)

102 (43,8%)

131 (56,2%)

1,13 (0,73–1,75)

0,5794

Sim

126 (35,1%)

59 (46,8%)

67 (53,2%)

Ref

Caddy

Não

242 (67,4%)

107 (44,2%)

135 (55,8%)

1,08 (0,69–1,68)

0,7289

Sim

117 (32,6%)

54 (46,2%)

63 (53,8%)

Ref

Ombro

Não

344 (95,8%)

154 (44,8%)

190 (55,2%)

1,08 (0,38–3,04)

0,8845

Sim

15 (4,2%)

7 (46,7%)

8 (53,3%)

Ref.

Carrinho de tração manual

Não

248 (69,1%)

116 (46,8%)

132 (53,2%)

0,78 (0,49–1,22)

0,2729

Sim

111 (30,9%)

45 (40,5%)

66 (59,5%)

Ref.

Condicionamento físico para o golfe

Não

254 (70,8%)

125 (49,2%)

129 (50,8%)

Ref.

Sim

105 (29,2%)

36 (34,3%)

69 (65,7%)

1,81 (1,11–2,95)

0,0175**

Aquecimento

Não

139 (38,7%)

62 (44,6%)

77 (55,4%)

1,02 (0,66–1,56)

0,9415

Sim

220 (61,3%)

99 (45,0%)

121 (55,0%)

Ref.

Alongamento

Não

291 (81,1%)

129 (44,3%)

162 (55,7%)

0,12 (0,66–1,90)

0,6829

Sim

68 (18,9%)

32 (47,1%)

36 (52,9%)

Ref.

Além disso, entre os golfistas que realizavam condicionamento físico específico para golfe, 65,7% sentiram dor, ao passo que, entre os que não realizaram condicionamento físico específico, 50,8% sentiram dor. Golfistas que realizavam condicionamento físico específico para golfe tiveram 1,86 (IC95%: 1,16 a 2,98) vezes mais chance de sentir dor (p < 0,05).


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Discussão

Este é um estudo transversal com objetivo de avaliar a prevalência de dor nos seis meses anteriores ao momento da entrevista em golfistas amadores filiados à Federação Paulista de Golfe. O período de seis meses foi escolhido para reduzir o viés de memória. Portanto, este estudo foi delineado empregando cálculo de tamanho amostral, critérios de elegibilidade, definição de dor e coleta presencial de dados.

Neste estudo, 13,4% dos participantes eram do sexo feminino e 86,6%, do sexo masculino, proporções semelhantes às encontradas na literatura[14] [15] [16] [17] [18] e na Federação Paulista de Golfe.

A dor foi muito frequente em golfistas amadores, com prevalência de 55,2% nos últimos 6 meses. Na literatura, a prevalência de lesões em golfistas varia de 17,1% a 62%.[14] [15] [16] [17] [18] [19] [20] [21] Esses estudos analisaram a localização da lesão, não a lesão em si. Em relação à intensidade da dor, 76,26% dos jogadores apresentaram dor leve a moderada, com pontuação média na EVA entre 5 e 7. Este achado condiz com um estudo que avaliou a intensidade da dor e indicou uma intensidade média de 7 pontos na EVA.[17]

A gravidade da lesão pode ser classificada de acordo com o tempo que um jogador deve ficar afastado do esporte.[22] [23] No presente estudo, 66% dos jogadores com dor não tiveram que parar de jogar ou de treinar golfe por causa da dor, pois relataram que a dor era branda ou não muito relevante. Este resultado contradiz o estudo de McHardy et al.,[17] em que 55,2% dos jogadores lesionados tiveram que fazer uma pausa de 2 a 3 semanas nos jogos ou treinos por causa da lesão.

No dia da entrevista, 38% dos jogadores com dor responderam que praticavam o esporte embora sentissem dor. Esse resultado corrobora a literatura que afirma que as lesões podem prejudicar o desempenho no golfe, mas não necessariamente impedem os atletas de jogar ou competir no esporte.[22] [23] Os segmentos anatômicos mais acometidos pela dor foram os membros superiores, seguidos da coluna vertebral e dos membros inferiores. Esse resultado é semelhante ao do estudo de Theriault et al.,[15] em que os membros superiores foram a região mais afetada. Porém, ao analisar a dor em relação ao sítio anatômico, descobriu-se que a coluna lombar (48%) foi o local mais acometido, o que corrobora os achados da supracitada revisão sistemática[3] e da maioria dos estudos transversais.[17] [20] [24] [25] No presente estudo, o ombro foi o segundo sítio mais acometido pela dor, seguido pelo cotovelo. Além disso, o lado direito dos golfistas foi afetado pela dor em 61% dos casos. Assim, pode-se afirmar que o lado da trilha ou o lado direito foi mais acometido, uma vez que a amostra continha 95% de participantes destros. O golfe é um esporte assimétrico; assim, os músculos dos lados direito e esquerdo são ativados de forma diferente. Para golfistas destros, o lado direito é o lado da trilha e o lado esquerdo em um golfista destro é o braço principal.[26]

Alguns autores afirmam que lesões em golfistas amadores podem ocorrer devido à biomecânica do movimento do swing associada a técnicas inadequadas, ou devido ao volume de prática.[26] Um dos tipos de swing é o swing moderno, em que há maior deslocamento angular da coluna lombar, o que, por sua vez, pode causar lesões em golfistas profissionais e amadores.[22] [27] Por outro lado, lesões nos membros superiores podem ocorrer quando o taco atinge um objeto estacionário, como uma pedra, uma raiz de árvore ou até mesmo solo duro, o que causa desaceleração repentina do movimento e gera dores e lesões na região, que também podem estar relacionadas ao volume de treino.[22] [27]

No golfe, o swing é dividido em fases: takeaway, backswing, aceleração, impacto, follow-through inicial e follow-through tardio.[28] No presente estudo, a fase mais associada à dor foi a de aceleração seguida, seguida da de follow-through. Esses achados são inconsistentes com os de McHardy et al.,[17] que observaram que 30,2% dos atletas sentiram dor durante a fase de follow-through e 17% sentiram dor durante a fases de aceleração ou de impacto.

A frequência da dor aumenta com o tempo de jogo de golfe, o treinamento e a experiência no esporte. Isso pode facilitar o aparecimento da dor devido ao aumento do volume de exposição/prática. A maioria dos atletas passou menos de 30 minutos por semana praticando no putting green e no drive range (54% e 77%, respectivamente). Isto talvez possa facilitar o aparecimento da dor, não devido ao uso excessivo, mas em decorrência da má técnica de swing.

Os golfistas com handicap inferior a 18 relataram maior frequência de dor (58,5%); isso é semelhante aos resultados de estudos da literatura, que relataram que as lesões eram mais frequentes em jogadores com menor handicap.[13] [19] [23] Acreditávamos que um maior índice de handicap (jogadores menos habilidosos) estava associado à dor. No entanto, na análise estatística, não foram detectadas diferenças entre aqueles com handicaps superiores e inferiores, o que indica que este parâmetro não foi estatisticamente significativo.

A maioria dos participantes do estudo (67,2%) estava com sobrepeso ou apresentava obesidade de moderada a grave. Isso condiz com um estudo publicado em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),[29] que relatou que 1 em cada 4 adultos brasileiros era obeso até 2019. A frequência de dor no presente estudo foi maior em jogadores com IMC > 25 kg/m2, e 53,7% dos jogadores tinham sobrepeso ou obesidade. Esses dados são consistentes com os de artigos da literatura, em que 44,6% dos jogadores estavam acima do peso.[21]

Aproximadamente 35,1% dos jogadores de golfe preferiam usar um carrinho de golfe a caminhar pelo campo; isso pode diminuir os efeitos benéficos da caminhada. O uso crescente de carrinhos de golfe pode minar cada vez mais os benefícios inerentes à saúde decorrentes do esporte, com consequências negativas, como a obesidade.[30] Neste estudo, acreditou-se que o método utilizado para transportar a sacola de golfe, principalmente em um ombro, e puxar e empurrar manualmente o carro teriam uma associação preditiva com a dor, mas as diferenças associadas a estes fatores não foram estatisticamente significativas.

Neste estudo, a idade apresentou associação estatisticamente significativa com a dor. Golfistas na faixa etária de 30 a 69 anos tiveram maior associação com dor, sendo que a categoria de 30 a 39 anos teve 7,34 vezes mais chances de sentir dor do que aqueles com idade ≥ 70 anos. Esses resultados condizem com alguns estudos da literatura que observaram que golfistas com mais de 40 anos de idade tinham maior chance de lesão, com risco 5 vezes maior de lesão do que aqueles com idade > 70 anos.[17] [18] Acreditamos que o motivo pelo qual jogadores com menos de 70 anos sentem mais dor é a vontade de atingir longas distâncias, oi que os leva a usar muita força no swing. Com isso, sobrecarregam o sistema musculoesquelético e, consequentemente, causam lesões e dores. Além disso, os jogadores mais jovens vivenciam estresse no trabalho, o que pode influenciar o desfecho. Contudo, este é um assunto que ainda precisa ser investigado.

No presente estudo, a preparação física apresentou associação significativa com a frequência de dor. Golfistas que fazem preparação física têm 1,86 (IC95%: 1,16 a 2,98) vezes mais chance de sentir dor (p < 0,05). Porém, detalhes sobre condicionamento físico, duração e frequência semanal não foram questionados. Os jogadores talvez tenham começado a fazer exercícios específicos para o golfe por causa da dor, o que pode influenciar o desfecho.

Este estudo de prevalência obteve dados de golfistas amadores que poderão ser utilizados na elaboração de hipóteses e cálculo amostral para futuros estudos prospectivos.


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Limitações do Estudo

Por se tratar de um estudo transversal, pode-se relatar uma associação, mas não estabelecer causalidade, pois não há determinação de relações temporais entre a exposição e o desfecho, apenas geração de hipóteses sobre a causa ou fatores associados.


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Conclusão

A prevalência de dor relacionada ao golfe nos 6 meses anteriores à avaliação foi de 55,15%. A dor foi mais frequente nos membros superiores, e os jogadores mais jovens, com idade entre 30 e 69 anos, tiveram maior chance de sentir dor do que aqueles com idade ≥ 70 anos.


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Conflito de Interesses

Os autores não têm conflito de interesses a declarar.

Agradecimentos

Os autores desejam agradecer aos golfistas amadores e aos clubes de golfe que apoiaram este estudo ao concordarem em participar da pesquisa.

Contribuições dos Autores

Cada autor fez contribuições individuais significativas para o desenvolvimento deste trabalho. DRG: conceituação (líder), curadoria de dados (líder), análise formal (líder), investigação (líder), metodologia (líder), administração do projeto (líder), supervisão (líder), redação do manuscrito original (líder) e redação – revisão e edição (líder); MPS: conceituação (suporte), análise formal (suporte), metodologia (suporte), administração do projeto (suporte), validação (suporte), visualização (suporte) e redação – revisão e edição (suporte); MJST: conceituação (suporte), análise formal (suporte), metodologia (suporte), supervisão (suporte), validação (suporte), visualização (suporte), redação do manuscrito original (suporte) e redação – revisão e edição (suporte); JCB: conceituação (suporte), análise formal (suporte), metodologia (suporte), administração do projeto (suporte), validação (suporte), visualização (suporte) e redação – revisão e edição (suporte). Todos os autores revisaram e aprovaram a versão final submetida para publicação.


Trabalho apresentado em forma de dissertação à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.


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Endereço para correspondência

Daniele Rodrigues Gonçalves, MSc
Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo
Rua Borges Lagoa 786, Vila Clementino, São Paulo, SP, CEP: 04038001
Brasil   

Publication History

Received: 22 August 2023

Accepted: 15 January 2024

Article published online:
22 June 2024

© 2024. The Author(s). This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)

Thieme Revinter Publicações Ltda.
Rua do Matoso 170, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20270-135, Brazil

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Fig. 1 Diagrama de elegibilidade.
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Fig. 1 Flowchart for eligibility.